tag:blogger.com,1999:blog-52773767368448982282024-03-05T21:30:05.232-03:00Letras GaúchasA tradição gaúcha na InternetLetras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.comBlogger401125tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-43565056254266896422011-06-09T14:58:00.000-03:002011-06-09T14:59:43.203-03:00Cenair Maicá - Balaio, Lança e Taquara<div id="div_letra"><p><strong>Balaio, Lança e Taquara</strong></p><p>Caminham guaranis pelas estradas<br /> Trapos de gente se arrastando a pé<br /> Restos da raça dos meus sete povos<br /> Últimas crias do sangue de Sepé.<br /> Fazem balaios de taquaras bravas<br /> Em pobres ranchos que parecem ninhos<br /> Onde se abrigam aves migratórias<br /> A mendigar alguns mil réis pelos caminhos.</p> <p>O balaio foi taquara, a taquara foi a lança<br /> O balaio foi taquara, a taquara foi a lança,<br /> Que esteiou os sete povos quando o pago era criança<br /> Vão os índios pela estrada como aguapé pelos rios<br /> Cantam ventos tristes nos seus balaios vazios,<br /> Cantam ventos tristes nos seus balaios vazios.</p> <p>Seguem os índios o destino peregrinos dos sem terras<br /> Tropeçando nos caminhos já sem luz<br /> Afogados na fumaça do progresso<br /> Junto aos animais em debandada.<br /> Das florestas virgens violentadas<br /> Pelos que vieram pelos que vieram sob o símbolo da cruz.</p> <p>Quem os vê na humildade dos perdidos<br /> Na senda amarga desses tempos novos<br /> Não acredita que seu braço um dia<br /> Levantou catedrais nos 7 povos<br /> Vende balaio o índio que plantava<br /> Um novo mundo no império das missões<br /> Balaios de taquara que eram lanças<br /> Marcando a história das 7 reduções.</p></div><p></p><p><br /></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-92033516966007547072011-06-09T14:57:00.000-03:002011-06-09T14:58:50.530-03:00Cenair Maicá - Baile do Sapucay<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Baile do Sapucay</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Neste compasso da gaita do sapucay<br /> Se bailava a noite inteira lá na costa do Uruguai<br /> Luz de candeeiro e o cheiro da polvadeira<br /> Hermanava castelhanos e brasileiros na fronteira</p> <p>Choram as primas no compasso do bordão<br /> E o guitarreiro canta toda a inspiração<br /> E a cordeona num soluço refrexando<br /> Marca o compasso do posteiro sapateando</p> <p>Neste compasso da gaita do sapucay<br /> Se arrastava alpargatas lá na costa do Uruguai<br /> Chinas faceiras de um jeito provocador<br /> Vão sarandeando, é um convite para o amor<br /> levanta a poeira do sarandeio da china<br /> Recendendo a querosene com cheiro de brilhantina</p> <p>Neste compasso da gaita do sapucay<br /> O mandico se alegrava lá na costa do Uruguai<br /> Até a guarda costeira se esqueceu do contrabando<br /> E o sapucay chegava a tocar babando<br /> E a gaita velha da baba do sapucay<br /> Chegou apodrecer o fole neste faz que vai não vai</p> <p>São duas pátrias festejando nesta dança<br /> Repartindo a mesma herança, comungando a mesma rima<br /> Disse o Sindinho que o Uruguai deixa os nubentes<br /> Une o casal continente, pai Brasil mãe Argentina<br /> E disse o poeta que o lendário rio corrente<br /> Une o casal continente, pai Brasil mãe Argentina</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-27297436233344553122011-06-09T12:58:00.002-03:002011-06-09T12:59:37.842-03:00Francisco Vargas - Sinto Orgulho de Ser Grosso<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Sinto Orgulho de Ser Grosso</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Não como gato por lebre, não danço marcha por xote<br /> Já deixei de ser boi manso só pra não pisar o cogote<br /> De louco só tenho o gesto, de burro só tenho o trote<br /> Tem mulher igual a cobra sempre pronta pra dar o bote<br /> Não me casei sou amassiado<br /> Também não fui batizado pelas mãos do sacerdote.</p> <p>O mundo foi minha escola só nuca li o catecismo<br /> Mas desenho a terra em rima nos versos do repentismo<br /> Tem muito gaúcho gay, falando em regionalismo<br /> De brinco, bombacha e tênis, criticando o nativismo<br /> De brabo estou me mordendo<br /> De roqueiros destorcendo nosso puro bagualismo.</p> <p>Eu já fui apelidado macho da caranca feia<br /> E nunca fui acertado por égua que se boleia<br /> Matungo que nega estribo, sento o mango na orelha<br /> Me escondo atrás do facão na cabo de uma peleia<br /> Já rolei que nem cigano<br /> Três ou quatro brigadiano não me levam pra cadeia.</p> <p>Com minhas armas na mão com meia dúzia eu retoco<br /> E já dei talho de palmo de ficar alumiando os osso<br /> Reconheço que sou grosso, as palavras do Gildo endosso<br /> Nativista e sertanejo metendo a mão no que é nosso<br /> Artista nenhum invejo<br /> E quando mais me farquejo, ai é que mais eu engrosso.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-63117759211186118632011-06-09T12:58:00.001-03:002011-06-09T12:58:52.224-03:00Francisco Vargas - Vermelho Cabeçudo<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Vermelho Cabeçudo</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Meu povão já está sabendo que eu sou grosso sem estudo<br /> E fui muito criticado quando gravei o cuiudo -<br /> Os puritanos do Rio Grande ficaram até carrancudo,<br /> Mais no meu bolso eu botei um troco lindo e graúdo.<br /> Deu pra comprar um puro sangue com jockei, cocheira e tudo<br /> E a pão-de-ló é tratado<br /> E por mim foi batizado de vermelho cabeçudo.</p> <p>E quem montar no meu cavalo<br /> Morre velho, não esquece<br /> E é só enxergar mulher<br /> Que o lombo do bicho endurece!</p> <p>Com uma prenda na garupa ele sai troteando miúdo<br /> Fica lerdo e desconfiado quando monta um cabeludo;<br /> Até fala relinchando, não estorvo, nem te ajudo<br /> E a eguada se apaixona da estampa do cruniúdo.<br /> Quando passa pela rua mulherada param tudo<br /> E uma magrinha de moto<br /> Pediu pra tirar uma foto no lombo do cabeçudo.</p> <p>Eu fui correr uma carreira comum fazendeiro papudo<br /> E eu tinha um tordilho negro por apelido pacudo.<br /> Rachei a cancha no meio e o velho ficou bicudo<br /> Já quis comprar meu vermelho, me chamando de sortudo.<br /> Quando eu vi entrou uns magrinhos parecido com os menudo<br /> E um nativista de brinco<br /> Ele e mais uns quatro ou cinco pra ginetear o cabeçudo.</p> <p>Pra gente vencer na vida tem que ser meio carudo<br /> Logo que eu vim da campanha me chamavam de bacudo.<br /> Mais eu fui ficando esperto com promessas não em iludo<br /> E esses dia eu vi um malandro levar uns quarenta cascudo,<br /> Da sua própria mulher que lhe chamava de chifrudo.<br /> Disse: - caco, tu me solta<br /> Por que eu quero dar uma volta no lombo do cabeçudo.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-32967540437974261132011-06-09T12:56:00.002-03:002011-06-09T12:57:43.183-03:00Francisco Vargas - Tem Um Gato Me Tenteando<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Tem Um Gato Me Tenteando</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Deixei a velha campanha meus pais e irmãos chorando<br /> De nojo da exploração do que o patrão tão pagando -<br /> Ao chegar em Porto Alegre, logo eu fui me apavorando .<br /> Dos bate em carteira pela ruas me tapando<br /> E senti que uma mão boba no meu bolso vinha entrando<br /> Já gritei desesperado: - Tem uma gato me tenteando</p> <p>Falar em gato me tenteando<br /> Me topei com um candidato<br /> Numa véspera de eleição<br /> Me encheu o bolso de retrato.<br /> E o povo gritava em couro<br /> Abra o olho com esse gato!</p> <p>Na Voluntários da Pátria vi uma moça me chamando .<br /> Com meia dúzia de papo num motel já fomos entrando .<br /> Quando ela se pelou, eu também fui me pelando<br /> Saltou de baixo da cama um negrão já se coçando<br /> Me calçou num trinta e oito de lá eu saí voando<br /> Já gritei desesperado: - Tem um gato me tenteando.</p> <p>Na rodoviária em São Paulo, fiquei tempo admirando<br /> Um vivo com três dedal e uma bolinha, brincando<br /> Pra ver o jogo engraçado pra bem perto fui chegando<br /> E uns quatro ou cinco "Hs" de mentirinha ganhando<br /> E eu fiz que fui e não fui e os esperto me rondando<br /> Já gritei desesperado: - Tem um gato me tenteando.</p> <p>Na capital federal lá tive me apresentando<br /> Até na casa da Dinda fiquei três dias cantando -<br /> Lá vi o Collor de Mello com João Alves comentando<br /> Que o "PC" era inocente e tinha alguém lhe caluniando<br /> E eu saudei a "CPI" e foi só bicho brabulhando<br /> Já gritei desesperado: - Outros gatos me tenteando.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-29733746846642356532011-06-09T12:56:00.001-03:002011-06-09T12:56:51.448-03:00Francisco Vargas - Sinto Orgulho do Que Sou<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Sinto Orgulho do Que Sou</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Patrício amigo permitas, que em rima digas quem sou;<br /> Pois nesses versos eu vou desfazer as aparências<br /> Ganhei do mundo experiência já que cresci sem estudo<br /> Hoje eu sou um pouco de tudo que existe em nossa querência.</p> <p>Sou laço em mãos de campeiro que em lida de campo é mestre<br /> Eu sou a flor do campestre nas manhas de primavera<br /> Sou um velho umbu de tapera, sou raça de um povo guapo<br /> Herdei sangue farrapo de gerações de outras eras.</p> <p>Eu sou a chama crioula que o tempo jamais apaga<br /> Sou entrevero de adaga nos bolichos de campanha<br /> Sou o velho frasco de canha, água benta que o gaúcho<br /> Bebe pra agüentar o repuxo bebendo em querência estranha.</p> <p>Sou rancho de pau a pique, sou ramada pra fandango<br /> Sou boleadeira, sou mango, sou bota, espora e guaiaca<br /> Sou lança revolver e faca, sou calmo me reconheço<br /> Também depois que embrabeço nem tempestade me ataca.</p> <p>Sou floreio de cordeona, sou chimarrão de erva boa<br /> Sou o próprio pago em pessoa, ser justo o mundo me ensina<br /> Lombo duro é minha sina, não dou nem quero conselho<br /> Só vou curvar o joelho perante a força divina.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-6328972930812199162011-06-09T12:55:00.000-03:002011-06-09T12:56:02.154-03:00Francisco Vargas - Veneno de Sogra<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Veneno de Sogra</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Eu no verão canto lá na praia<br /> E no inverno caio na farra -<br /> A minha sogra é muito fofoqueira<br /> Lá no meu rancho tá preta minha barra<br /> Ela diz que tenho que pegar no pique<br /> E tocou-lhe fogo na minha guitarra<br /> Eu qualquer dia arrebento as maneias<br /> E saio campo a fora esparramando as garras<br /> Por eu viver de trova a cantoria<br /> Ela me apelidou de Francisco cigarra.</p> <p>Casa que eu morro é da minha sogra<br /> A minha mulher é dela também -<br /> Topei a bucha e fiquei quietinho<br /> E me xingar direito ela não tem.<br /> Morar com sogra nem o diabo gosta<br /> Mas eu não posso me mudar também<br /> Ela diz que morre e não me deixa nada<br /> Vai dar pra filha tudo que ela tem<br /> Eu não me importo, afinal de conta<br /> Se a mulher é rica eu sou rico também.</p> <p>Já descobri vou dar um jeito na velha<br /> E já bem sei o jeito que vou dar -<br /> Eu vou dizer pra ela que no inferno é bom<br /> Que eu já falei com quem morou por lá.<br /> Eu vou mentir que o diabo é um estancieiro<br /> E que é solteiro e que quer se casar,<br /> Lá tudo é rico e que ninguém trabalha,<br /> A gente de cá tem que trabalhar...<br /> A velha é ambiciosa e em tudo acredita<br /> E eu iludo a bruxa até ela se matar.</p> <p>Depois de morta pode ir até pro céu<br /> Que eu fico na terra com o dinheiro dela<br /> De dez em dez anos eu rezo uma missa<br /> E nos finados eu acendo uma vela.<br /> A esportiva que eu posso ganhar<br /> E me livrando dessa tagarela<br /> Daí então eu começo a estudar<br /> Pra quando morrer dar uma de vivo nela<br /> Se ela ir pro céu eu largo pro inferno<br /> Só para não ter de me encontrar com ela.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-32924921694859508242011-06-09T12:54:00.000-03:002011-06-09T12:55:16.460-03:00Francisco Vargas - Velho Candeeiro<div id="div_letra"><p> <h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Velho Candeeiro</span></h1><p></p><p>Morreu um boi e eu tirei a guela<br /> Enchi de sebo do rim do campeiro<br /> Botei pavio e fiz uma vela<br /> Que na campanha se chama candeeiro<br /> Sobre a carreta ilumina a panela<br /> Onde eu preparo o velho carreteiro<br /> Penduro ele sobre o recavém<br /> O arroz seca eu ajeito o café<br /> Candeeiro velho que clareia bem<br /> Feito da guela dum boi jaguané<br /> Tu já clareaste o rancho de alguém<br /> De pau-a-pique, barro e Santa Fé<br /> (De pau a pique, barro e Santa Fé)</p> <p>O vento sopra e tu acende mais<br /> Mostra a macega onde o bicho deitou<br /> Foi lamparina dos meus ancestrais<br /> Muitos fandangos tu também clareou<br /> Os tempos idos te deixou pra trás<br /> Porque a evolução nos iluminou<br /> Lá na campanha não é mais usado<br /> E a juventude até nem te conhece<br /> Tareco velho num galpão guardado<br /> Com o passar dos anos num canto apodrece<br /> Por este poeta tu fostes lembrado<br /> Faço a homenagem, o candeeiro merece<br /> (Por este poeta tu fostes lembrado<br /> Faço a homenagem, o candeeiro merece)</p> <p>Te desprezaram rico traste antigo<br /> Que no passado nos servistes tanto<br /> Vim te provar que sou teu bom amigo<br /> Em teu louvor esses versos que canto<br /> Deixa o galpão, vem clarear meu jazigo<br /> Quando eu partir lá pro campo santo<br /> Não sou nervoso e nem sofro de trauma<br /> Nas horas bravas eu sempre fui forte<br /> Candeeiro velhor por favor te acalma<br /> Tu não te apaga nem com o vento norte<br /> Eu te escolhi pra iluminar minha alma<br /> Quando chegar o dia da minha morte<br /> (Eu te escolhi pra iluminar minha alma<br /> Quando chegar o dia da minha morte)</p></div>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-56891257474528136172011-06-09T12:53:00.000-03:002011-06-09T12:54:09.930-03:00Francisco Vargas - Tropeiro dos Pampas<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Tropeiro dos Pampas</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Um frasco de canha é minha água benta<br /> Que eu encho de novo quando a pinga caba<br /> E que da coragem quando a gente enfrenta<br /> Um louro que avança espumando a baba.<br /> Do meu doze braças por nada arrebenta<br /> Nem com golpe forte de zebua brava<br /> Meu estilo honra a raça dos Vargas<br /> No meu chapéu preto de abas bem larga<br /> Resguarda meu rosto com a sombra da aba.</p> <p>Minha capa ideal que me ataca nos frios<br /> Nem com tempestade a roupa ensopa<br /> No lugar que eu passo se um baile surgir<br /> Já pago minha entrada e vou direito a copa<br /> Se a flor do fandango para mim sorrir<br /> Já faço a proposta se acaso ela topa<br /> Na anca do zaino um lugar ela ocupa<br /> Já levanto a china linda na garupa<br /> De madrugadita vou tocando a tropa.</p> <p>Eu não tenho medo que façam espera<br /> E até duvido que um macho me marca<br /> E sendo preciso eu brigo com uma fera<br /> Minha protetora minha santa Joanna D'arc<br /> Meu cachorro titã o gado da tigüera<br /> Não atraso a tropa pro dia do embarque<br /> Nas horas de folga eu canto pra ela<br /> Levando um amargo em roda da panela<br /> Um bom carreteiro gostoso de charque.</p> <p>No fogo de chão eu esquento a cambona<br /> Já tomo um trago bem grande na guampa<br /> Ao lado da prenda puxando acordeona<br /> Em qualquer recanto um gaúcho se acampa<br /> Dois pelegos grandes, a tarimba é a carona<br /> Retrato do pago carrego na estampa<br /> Quem mora lá fora conhece essa lida<br /> Pois desde criança gostei desta vida<br /> Depois me tornei um tropeiro dos pampas.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-90564159908495883332011-06-09T12:52:00.000-03:002011-06-09T12:53:25.472-03:00Francisco Vargas - Rei dos Baguais<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:130%;">Rei dos Baguais</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Saí da campanha e me vim pra cidade<br /> Assistir bem de perto o tal de carnaval<br /> Fiquei encantado com tanta beleza<br /> Eu nunca tinha visto uma coisa igual<br /> Morena de anca bonita, faseira<br /> Mexendo as cadeiras fora do normal<br /> Fiquei quase louco, naquele sufoco<br /> E gritei dalí um pouco:<br /> Mas que china bagual!</p> <p>Pra onde eu olhava era só requebrado<br /> Alí no meu lado bem ao natural<br /> E a mesma morena que estava me olhando<br /> Vinha rebolando fora do normal<br /> Pra quem é da guasca e não é acostumado<br /> Aquele rebolado até fazia mal<br /> Meu corpo suava e eu me desesperava<br /> E bem alto eu gritava:<br /> Mas que coisa bagual!</p> <p>O tal topless me deixou escramusando<br /> Fiquei me babando igual gado por sal<br /> Nasci desse jeito meio abagualado<br /> E assim fui criado sem freio e boçal<br /> E no mexe mexe o tal remelexo<br /> Eu batia queixo igual cobra coral<br /> Naquela agonia e ela remexia<br /> E pro povo eu dizia:<br /> Mas que baile bagual!</p> <p>Na alta madruga eu apavorado<br /> Já quase pelado e o baile ao final<br /> Invadi a quadra e a moça sambista<br /> Era filha de um rico fulano de tal<br /> Tentei lhe agarrar e ela meio pulou<br /> E a polícia chegou e eu não me dei mal<br /> Quadro soldados eu peleei folgado<br /> E fui apelidado de rei dos bagual.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-11014105554745827202011-06-09T12:51:00.002-03:002011-06-09T12:52:44.290-03:00Francisco Vargas - Rei do Volante<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Rei do Volante</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>O motorista companheiro amigo<br /> Que no volante tu luta e forceja<br /> Caminhoneiros deste mundo velho<br /> Em qualquer canto que esta hora esteja<br /> Vim te prestar uma simples homenagem<br /> Junto a uma prece lá na santa igreja<br /> Tua profissão eu respeito e louvo<br /> E que são Cristóvão sempre te proteja.</p> <p>Graças a Deus que já voltei de novo<br /> Caminhoneiro a vida não é mansa<br /> Mas esta noite vou dormir tranqüilo<br /> Agarradinho na mãe das criança.</p> <p>Peço as esposas dos caminhoneiros<br /> As namoradas e as noivas também<br /> Que rezem muito por estas soldados<br /> Que estão peleando pelo mundo além.<br /> Os mais antigos estão se aposentando<br /> E os mais novos iniciando arecém<br /> Sentem saudade da mãe e do pai<br /> Eles só sabem a hora que saem<br /> Mas desconhecem o dia que vem.</p> <p>Às vezes o dia amanhece azarento<br /> Que lê entristece e de viajar enjoa<br /> Fura um pneu, até bate o motor,<br /> Rebenta um eixo, pinhão e coroa.<br /> A caixa quebra, lhe suja de óleo<br /> Barro velho vermelho de chuva ou garoa<br /> Vai levar as mãos bota fora aliança<br /> E a mulher velha perde a confiança<br /> E ele o carinho da velha patroa.</p> <p>Uma boa viagem a todos os motoristas<br /> Os caminhoneiros entreguem certo a carga<br /> E os assaltantes nem lembram de vocês<br /> E nunca mais passam horas amargas.<br /> Tanto na ida, no pouso ou na vinda<br /> Suas estradas sejam livres e largas<br /> Tu é um rei e a cabine é o trono<br /> Na noite longa pra espantar o sono<br /> Escuta a fita do Francisco Vargas.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-19900190922348291492011-06-09T12:51:00.001-03:002011-06-09T12:51:45.893-03:00Francisco Vargas - O Valor Que A Mulher Tem<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">O Valor Que A Mulher Tem</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Eva, primeira mulher, nunca traiu seu marido<br /> Só pecou por que comeu o grande fruto proibido<br /> Amélia, mulher de verdade morreu honrando o vestido<br /> E de uma Santa mulher este poeta foi nascido.<br /> Uma me cortou o umbigo<br /> E eu não quero que ela diga que sou mal agradecido.</p> <p>E quem falar das mulheres, pra nós não vale um vintém<br /> Com sacrifício mostramos o valor que mulher tem -<br /> E quem não gostar de mulher é bicha, corno, vagabundo,<br /> Pra mim foi a melhor coisa que Deus botou neste mundo.</p> <p>A fêmea, mulher e mãe, do nosso lar é a rainha<br /> Braço forte no serviço, da sala até a cozinha -<br /> Faz café, almoço, e janta tomam conta tudo sozinha<br /> Ainda trabalham fora, mas sempre andando na linha.<br /> Não existe mulher feia<br /> E respeito as filha alheia porque estou criando as minhas.</p> <p>Tem muito homem machistas, pra mulher não dão valor<br /> Uns bundinhas da cidade metido a conquistador<br /> Iludem uma pobre moça humilde do interior<br /> Casam pra fazer sofrer tristeza, amargura e dor.<br /> Seja macho e não maltrate<br /> Porque em mulher não bate nem com chicote de flor.</p> <p>Eu na cama sem mulher, me deito e não tenho sono<br /> Sou um circo sem palhaço, sou campanha sem colono;<br /> Sou rainha sem coroa, sou rei sem morar no trono,<br /> Sou verão sem primavera, sou inverno sem outono;<br /> Sou um prato sem talher<br /> Todo o homem sem mulher e como um peca sem dono.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-49606935489383544742011-06-09T12:50:00.000-03:002011-06-09T12:51:06.238-03:00Francisco Vargas - Já Está Solto O Meu Cuiudo<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Já Está Solto O Meu Cuiudo</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Não chamei mulher de égua, cruz, credo Virgem Maria<br /> Eu juro em nome daquela que me deu a luz do dia -<br /> Só estou falando a verdade por que o meu pai não metia<br /> Não ofendo o semelhante, nem uso demagogia.<br /> Dos versos sou um escravo<br /> E todas as letras que eu gravo é um manancial de grosseria.</p> <p>Quem criticou os meus versos<br /> É louco, grosso e sem estudo<br /> Prendam a eguada de vocês<br /> Que eu já soltei o meu cuiudo.</p> <p>Um sujeito um conterrâneo, cheio de antepatia<br /> Desses tipinho ordinário, tareco sem serventia -<br /> Quis me intrigar com meu povo que adoram minha cantoria<br /> Mais os meus fãs são sincero não entraram nessa fria.<br /> Eu de vocês sou um escravo<br /> E todas as letras que eu gravo é um manancial de grosseria.</p> <p>Minha letra é pura e divina e não tem pornografia<br /> E os versos de minha marca é um selo de garantia -<br /> São simplezinhos mais tem bastante filosofia,<br /> Chego as vezes andar embalado nos braços da nostalgia.<br /> Do meu povão sou um escravo<br /> E todas as letras que eu gravo é um manancial de grosseria.</p> <p>O que eu mais gosto no mundo é de um verso de atrofia<br /> E uma oito baixo roncando, moda estilo Tio Bilia -<br /> Churrasco gordo e carreira e uma pingo na estravaria<br /> E em vinte de setembro desfilar em Vacaria.<br /> Do meu Rio Grande sou um escravo<br /> E todas as letras que eu gravo é um manancial de grosseria.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-73935464752446819912011-06-09T12:49:00.000-03:002011-06-09T12:50:16.299-03:00Francisco Vargas - Homenagem ao Rei da Trova<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Homenagem ao Rei da Trova</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Pra saldar Gildo de Freitas<br /> O mundo inteiro me escuta<br /> É o melhor repentista<br /> Com certeza absoluta<br /> Nos lugares onde passou<br /> Teve respeito e conduta<br /> Bendita seja sua mãe<br /> Dar luz a essa ideia enxuta<br /> Do perigo não me salve<br /> Comparo igual a uma árvore<br /> Que todo tempo dá fruta</p> <p>Gildo de Freitas é bananeira<br /> Que vai morrer dando cacho<br /> É fogo de lenha grossa<br /> Faz ferver o angu no tacho<br /> A sua memória é um tampo<br /> Pra mamadeira de guacho<br /> Humilde de sangue nos olhos<br /> E já deu prova de macho<br /> Ninguém me venceu na rima<br /> Deus é quem manda lá em cima<br /> E na trova é o Freitas aqui em baixo</p> <p>Só a pessoa ignorante<br /> Ao Gildo não dá valor<br /> Já está sentado no trono<br /> Comandando os trovadores<br /> Com sua idade avançada<br /> Sessenta anos de flor<br /> Dêem a mão a palmatória<br /> Peçam receita ao doutor<br /> Campeão nas cantorias<br /> Formado em academia<br /> Do sofrimento e rigor</p> <p>Sua ideia é uma vertente<br /> De igual whiskyada não seca<br /> O mundo foi sua escola<br /> Cresceu levado da breca<br /> Dos oito criou cinco filhos<br /> O Jorge, o Paulo e o Zéca,<br /> o Ginéco que é o casula,<br /> A Neusa, sua boneca<br /> Eu respeito a tua patroa<br /> Trovando ganhou a coroa<br /> Com a força das tuas munhecas</p> <p>Meu abraço ao Gildo de Freitas<br /> Sua esposa dona Carminha<br /> E a todos os seus fãs<br /> Por este Brasil afora</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-44274220723355237752011-06-09T12:48:00.000-03:002011-06-09T12:49:30.177-03:00Francisco Vargas - Grosserias da Fronteira<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Grosserias da Fronteira</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Sábado de tardezinha me bandeei lá pro açude<br /> Me lavei, fiz o que pude, "inté" ralei os calcanhar -<br /> Tomei um trago da buenacha Três Fazenda,<br /> Gostosa como uma prenda dos velhos tempos de piá.<br /> Vou pegar a china e fazer levantar a poeira<br /> Quero iniciar este fandango com milonga, xote e rancheira!</p> <p>Mas quem não gosta de manquejar uma vaneira<br /> Ver esse taura cantando grosserias da fronteira.<br /> Mas quem não gosta de manquejar uma vaneira<br /> Ver esse taura cantando milonga, xote e rancheira!</p> <p>Passei azeite de mocotó nas melenas<br /> E sai tinindo as chilenas lá pro fundo da invernada<br /> A trotezito pro rincão fui me cambiando<br /> Parei, fiquei escutando lá no tope da chapada.<br /> Ouvi o choro da velha gaita manheira<br /> E a indiada sapateando fazendo levantar poeira!</p> <p>Paguei entrada e dancei que fiquei babado<br /> Num canto eu fiquei parado junto com tocador -<br /> E o gaiteiro já estava de pulso inchado<br /> De fazer roncar a cordeona quem nem peludo enfurnado.<br /> Sua voz pifou de tanto comer poeira<br /> Mas comandava por senha o manquejar da vaneira.</p> <p>Era sol alto e nós dançado a chilena<br /> Já estava de venta preta do lampião de querosene<br /> E as pinguanchas amanheceram amarrotadas<br /> Com a cara toda encarvoada que as brancas ficaram morena.<br /> Vou pegar uma pra fazer levantar poeira<br /> E encerrar este fandango com milonga, xote e rancheira.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-46136205296915123802011-06-09T12:47:00.000-03:002011-06-09T12:48:12.128-03:00Francisco Vargas - Fracassar Pra Que?<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Fracassar Pra Que?</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Amigo velho levanta a cabeça<br /> Tu não esquece que tem que vencer<br /> Aquela china que te fez traição<br /> Vai chegar o dia dela padecer<br /> Eu sinto pena do teu coração<br /> Levou uma vida inteira a sofrer<br /> Aquela falsa não tem qualidade<br /> Tu saber bem que tudo é realidade<br /> Mais um gaúcho fracassar pra que?</p> <p>Esse conselho to dando a mim mesmo<br /> Andei a esmo sem me resolver<br /> Agora eu tenho uma chinoca linda<br /> Os seus carinhos me fez te esquecer<br /> Eu só não puder esquecer ainda<br /> A tua maldade que não posso crer<br /> De ti ingrata eu não sinto saudade<br /> Agora vi que tudo é realidade<br /> Mas um gaúcho fracassar pra que?</p> <p>Eu tentei muito pra nós ser feliz<br /> Mas tu não quis me compreender<br /> Aquela noite que nós dois fugimos<br /> Eu me arrisquei matar ou morrer.<br /> Depois daquilo que não mais nos vivemos<br /> Arranjou outro o que, que eu vou fazer<br /> Só peço a deus de ti ter piedade<br /> Eu me conformo com a realidade<br /> Mas um gaúcho fracassar pra que?</p> <p>Estou morando lá no pé da serra<br /> Na linda terra que me viu crescer<br /> Meu rancho é humilde, mas não falta nada<br /> E o que eu ganho dá pros dois viver.<br /> Já sosseguei e até não estranho<br /> Deixei da farra e nem quero beber<br /> Voltei de novo pra sociedade<br /> Graças a deus tudo é realidade<br /> Gaúcho amigo fracassar pra que?</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-46936711194970213192011-06-09T12:46:00.002-03:002011-06-09T12:47:31.567-03:00Francisco Vargas - Engenheiro Sem Diploma<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Engenheiro Sem Diploma</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Eu quero saudar cantando o maior dos carpinteiros<br /> Que fez este mundo inteiro com tamanha perfeição<br /> Sem serrote, sem facão, imaginava e fazia<br /> Em menos de oito dias teve pronta a construção.</p> <p>Fez o sol, fez a lua, o céu, a água e a terra<br /> Metas, planícies e serras á planta da mesma obra<br /> Material tinha de sobra sem gastar nenhum tostão<br /> Fez a Eva , fez Adão, maçã, paraíso e cobra.</p> <p>Fez o mar, fez o rio, o clima, as nuvens e o vento<br /> Criou o dez mandamentos e as estrelas do infinito<br /> Fez colorido e bonito sem precisar de pintor<br /> Pra espanto dos escultores só trabalhava solito.</p> <p>Fez chover quarenta dias , fez arca e o Noé<br /> E um povo cheio de fé, abençoou o papa em Roma<br /> Criou todos os idiomas na terra semeou o amor<br /> E o nosso criador o engenheiro sem diploma.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-75713180037058868752011-06-09T12:46:00.001-03:002011-06-09T12:46:51.515-03:00Francisco Vargas - Dando A Mão Pra Mulherada<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Dando A Mão Pra Mulherada</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>O maxixe de antigamente virou e mexeu em lambada<br /> E hoje a nossa juventude recorda as eras passadas<br /> Tem machista reclamando que essa dança é afrescalhada<br /> E as mulheres mostram as calcinhas e a censura não faz nada.<br /> Eu sou grosso e acho lindo e manjo desse piazada<br /> Que reboleiam em sabugo inté altas madrugada...<br /> E durma com esse barulho,<br /> Sou muito macho e me orgulho dando a mão pra mulherada!</p> <p>E tem chifrudo reclamando que as mulheres são espertas<br /> Nós mulheres nascemos com a felicidade aberta<br /> E as mulheres estão com tudo os homens não tão com nada<br /> Pois o tal homem nasceu com a desgraça dependurada.</p> <p>Os antigos diz que as mulheres foi que inventaram a lambada<br /> Maxixando em cabarés, em bailes de cola atada<br /> O que vi do bicho mulher eu não duvido mais nada,<br /> Tem mulher caminhoneira e é a rainha da estrada<br /> Tem mulheres taxisistas, mulher que estão na brigada<br /> Tem mulheres inspetoras , tem mulheres delegadas;<br /> E durmam com esse barulho,<br /> Sou muito macho e me orgulho dando a mão pra mulherada!</p> <p>Foi da costela de um homem que uma mulher foi gerada<br /> Desde o princípio do mundo elas foram escravizada,<br /> O marido tratava a esposa como fosse uma empregada,<br /> E graça a lei feminista que a mulher foi libertada.<br /> Hoje tem mulher Prefeita, Ministras e Deputada<br /> Senhoras Doutoras Juiza condenam um homem sentada<br /> E durma com esse barulho,<br /> Sou muito macho e me orgulho dando a mão pra mulherada!</p> <p>Viva a Xuxa brasileira, rainha da garotada<br /> Salve a Princesa Isabel em nome da crioulada;<br /> Grande Anita Garibaldi foi pro museu sua espada<br /> Cabo Toco e a Mariana, na briga foram afamada,<br /> Ou a tal de Zeca Cuiuda num facão foi respeitada,<br /> Índios metidos a valente ela babou de lambada,<br /> E durma com esse barulho,<br /> Sou muito macho e me orgulho dando a mão pra mulherada!</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-18541013372996469602011-06-09T12:45:00.000-03:002011-06-09T12:46:04.682-03:00Francisco Vargas - Cuiudo do Alegrete<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Cuiudo do Alegrete</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Pode até alguém me chamar de bagaceira ou vagabundo<br /> Que a fama do meu cuiudo se espalhou em poucos segundos<br /> Pra agarrar cria com ele vem água de passo Fundo<br /> Vem égua lá de Laguna terra de Pedro Raimundo.<br /> Viajando muitas léguas<br /> Já começou chegar égua de toda parte do mundo.</p> <p>Pra amansar essa eguada não precisa de ginete;<br /> Basta apenas um relincho do cuiudo do Alegrete.</p> <p>Meu cuiudo ta ocupado por cento e oitenta dias<br /> Ta virado só em sabugo, cabeça, apta e viria<br /> Pra agarrar cria com ele vem água de vacaria<br /> Vem égua de Santo Ângelo, vem égua de Santa Maria<br /> Para fazer injustiça<br /> Trouxeram até um petiça do gaiteiro Tio Bilia.</p> <p>Pra amansar essa eguada não precisa de ginete;<br /> Basta apenas um relincho do cuiudo do Alegrete.</p> <p>Meu cuiudo é caborteiro tem o olho de serpente<br /> E neto do Dom Tranquito que existia antigamente<br /> Lá por Julio de Castilho deve ter algum parante<br /> Pra agarrar cria com ele vem água de São Vicente<br /> E o Fabio Rocha Forfula<br /> Me mandou até umas mulas da terra dos presidentes.</p> <p>Pra amansar essa eguada não precisa de ginete;<br /> Basta apenas um relincho do cuiudo do Alegrete.</p> <p>Meu cuiudo é puro sangue tem levando muita estafa<br /> Tratado a milho quebrado , sorgo, amendoim e alfafa<br /> Quando enxerga uma potranca já atira a sua tarafa,<br /> Ta recebendo proposta de zebra, camela e girafa<br /> Povo bem e macanudo<br /> Compra o disco do cuiudo, Francisco Vargas autografa.</p> <p>Era só égua pulando, largando mil foguetes<br /> Contente de agarrar cria do cuiudo do alegrete.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-28232616920925605822011-06-09T12:44:00.000-03:002011-06-09T12:45:15.622-03:00Francisco Vargas - Coice no Saco<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Coice no Saco</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Uma china velha mutreta andou batendo as canjicas<br /> Que eu andava de retosso com a crioula Frederica -<br /> Por causa de uma lambança quase um homem se complica<br /> Eu vivo com uma baixinha que apelidei de nanica<br /> Cria lá de Catuçaba, da raça brava dos Bica.<br /> Bem na hora do almoço<br /> Se jogou no meu pescoço igual uma jaguatirica.</p> <p>Encrenquei com a mulher velha<br /> Foi pior que briga de foice<br /> Murchou as duas orelhas<br /> E quase me capa num coice.</p> <p>Caiu um oitão do rancho e nós peleando enfurecido<br /> E ela saltou pro terreiro, já deu um nó no vestido -<br /> Me sentou uma marca touro, vinha em rumo ao meu ouvido<br /> E se eu não caísse fora em dois tinha me partido.<br /> Por causa do tal fuxico, veja o quanto eu tenho sofrido,<br /> Com essa mulher endiabrada<br /> Louca das ventas rasgadas que não respeita o marido.</p> <p>Meus tarecos eu reparti com a chinaredo da vila<br /> E agarrei as rédeas do mundo e no bolso sem nenhum pila<br /> Todo o taura corajoso na estrada arruma a mochila<br /> E o amor desencontrado, quando não mata, aniquila.<br /> Longe desta cascavel levo uma vida tranqüila<br /> Foi e não me arrependi<br /> Só Deus sabe o que eu sofri nas unhas dessa gorila.</p> <p>Quanto aos corcóvios da vida tem que ser macho e ginete<br /> Morar no olho da rua quem já teve palacete -<br /> Saí alumiando o sabugo, no rabo trinta foguetes<br /> Já anda encostando a cerca quem quis puxar meu tapete.<br /> Arrependida e chorando, manda recado e bilhete<br /> Comenta que ainda me ama<br /> Sente saudade da cama do cuiudo do Alegrete.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-77676225830683974562011-06-09T12:43:00.000-03:002011-06-09T12:44:10.686-03:00Francisco Vargas - Coice e Relincho<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Coice e Relincho</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Não me provoca chinoca eu sou bacudo mas te lancho<br /> E neste fandango cuiudo vim pra dançar de carancho<br /> Já cheguei com os corno azedo, um malandro fez um gancho<br /> E os pilas eu perdi no jogo<br /> Facilita taco fogo no pé da quincha do rancho.</p> <p>Ah, eu entro e danço de espora<br /> Ou acabo com este buchincho -<br /> Sou cuiudo do Alegrete<br /> Comigo é coice e relincho.</p> <p>Já minha adaga te estraga e não me venha pedir trégua<br /> E qualquer lasca de lenha eu hoje faço uma régua -<br /> Pra dançar com esta pinguancha, viajei quatorze léguas<br /> E não puxe o meu tapete<br /> Sou cuiudo do Alegrete, já nasci correndo égua.</p> <p>E a solteirona gaviona lá do garrão da fronteira<br /> A bicha é solta no facão e no cabo duma vaneira -<br /> Careca, renga e banguela, muita plata na algibeira<br /> Nome engraçado Sofia<br /> Eu quero ela pra cria, eu não quero pra carreira.</p> <p>Falando da neta da Mariana, filha da velha Raimunda,<br /> E desde a primeira encilha de guasca, dei-lhe uma tunda<br /> Já se acostumou com os arreios, do peso ficou corcunda<br /> Não tem rabo a capivara<br /> Que é dessas feia de cara mas muito linda de bunda.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-43100591636713116372011-06-08T17:02:00.003-03:002011-06-08T17:04:08.180-03:00Valdomiro Maicá - Gaita e Guitarra<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Gaita e Guitarra</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Gaita e guitarra<br /> Tranco de bombo leguero<br /> E um verso bem missioneiro<br /> na goela dum desbocado<br /> Buchincho chucro aporreado<br /> Com cheiro e gosto de pampa<br /> Um bate-bate de guampa<br /> Que fede a chifre queimado.</p> <p>Se não for macho<br /> Chega na porta e dá volta<br /> O porteiro é um aspa torta<br /> Com fama de ser gancheiro<br /> Até lhe falta um candeeiro<br /> Do coice de um marca touro<br /> Por ter dito uns desaforo<br /> Pra um pavena missioneiro</p> <p>O chinaredo<br /> que nunca floxa o garrão<br /> Veiaquieia no salão<br /> Que nem cutia baleada<br /> Tudo de cara pintada<br /> E um extrato feito em casa<br /> Pra espantar o fedor da asa<br /> Clina comprida e trançada.</p> <p>Que coisa linda<br /> Lá pro fim da madrugada<br /> A cordeona debochada<br /> Nas munhecas do gaiteiro<br /> Lá no terreiro<br /> A cavalhada relincha<br /> E o sol espia na quincha<br /> O surungo missioneiro.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-31814454046721460732011-06-08T17:02:00.002-03:002011-06-08T17:03:34.281-03:00Valdomiro Maicá - De sapucay e chamamé<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">De sapucay e chamamé</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>A minha voz salta da alma<br /> Num eco que lá se vai<br /> Destilando encantos costeiros<br /> No coice dum sapucay.</p> <p>A cordeona entra em cio<br /> Parece que é e não é<br /> Se engravida de lonjuras<br /> Pra parir um chamamé.</p> <p>Sapucais trazendo encantos<br /> Ventos em loucos bramidos<br /> No rancho de chão batido<br /> Coberto de Santa Fé<br /> Um timbre chamamecero<br /> Entre glosas e cantares<br /> Espalha na anca dos ares<br /> Sapucai e chamamé.</p> <p>Na gaita se houve o murmúrio<br /> Das enchentes do Uruguai<br /> E a lua adormece ouvindo<br /> Chamamé e Sapucai</p> <p>Uma estrela no alto pisca<br /> Igual o lunar de sepé<br /> E a noite pampa boceja<br /> Sapucai e chamamé.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-47117905426103265292011-06-08T17:02:00.001-03:002011-06-08T17:02:57.899-03:00Valdomiro Maicá - A pavio de candeeiro<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">A pavio de candeeiro</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>De pilcha nova hoje eu to abagualado<br /> E embodocado pra varar o rio Uruguai<br /> Mandaram um chasque tem bailanta do outro lado<br /> Quero chegar já largando um sapucay.</p> <p>Gosto de toque de gaitinha de oito baixos<br /> Mostrar o braço da velha estirpe campeira<br /> Desde pequeno pra me aquieta nos seus braços<br /> A minha mãe já me assobiava uma vanera.</p> <p>Na polvadeira da tradição do rio grande<br /> Se esquenta o sangue a pavio de candeeiro<br /> E a indiada buena disposta a aumentar a sala<br /> Leva no pala o atavismo missioneiro.</p> <p>Pra quem carrega a madrugada na garupa<br /> Com uma gaúcha doce mel de camuatim<br /> Sabe que a alma se acolhera na percanta<br /> E o ferro canta se alguém tocar no jasmim.</p> <p>Eta surungo chucro pintor de auroras<br /> Onde as horas vão no galope do vento<br /> Nem bem termina vai batendo uma saudade<br /> Com a vontade beliscando um sentimento.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5277376736844898228.post-25630349990719463732011-06-08T16:57:00.000-03:002011-06-08T16:59:00.733-03:00Francisco Vargas - Cavalo Velho<h1 id="identificador_musica"><span style="font-size:100%;">Cavalo Velho</span></h1><p> <div id="div_letra"><p>Eu vou lhes contar em versos o que ninguém se deu conta<br /> Pra que entre de ponta a ponta na alma de quem compreende<br /> Principalmente os que vendem depois de velho cansado<br /> Sangrando o lombo pisado daquele que lhe defende.</p> <p>Eu me refiro ao cavalo que neste mundo moderno<br /> Depois de velho invernam pra vender pro saladeiro<br /> A ambição por dinheiro faz com que a alma apodreça<br /> E o sentimento escureça traindo o fiel companheiro.</p> <p>Falo eu, por que aqui esmo um carroceiro vizinho<br /> Criou cinco ou seis negrinhos no lombo de um alazão<br /> Puxando inverno e verão tijolo, pedra e areia<br /> Nunca comeu uma aveia, só dava-lhe sal por ração</p> <p>Os anos foram passando algo que tudo consome<br /> De fraqueza, miséria e fome transformou-se em carcaça<br /> E não é que por desgraça um circo de diversão<br /> Com tigre, pantera e leão se instalou ali na praça.</p> <p>Na frente tinha uma placa e escrito em letra a mão<br /> Cavalo, burro e cão se compra e paga no ato -<br /> Não é que aquele mulato mais fera que o próprio leão<br /> Vendeu o pobre alazão por um mil, aquele ingrato.</p> <p>Hoje eu vejo lá na rua se apoiando num bastão<br /> Já velho sem ilusão, cansado sem serventia<br /> Lembrando da covardia, do seu gesto desumano<br /> Por trair quem tantos anos lhe deu o pão de cada dia.</p></div><p></p>Letras Gaúchashttp://www.blogger.com/profile/02210225992857885702noreply@blogger.com0