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domingo, 30 de agosto de 2009

Teixeirinha - Cobra Jiboia

Compositor: Teixeirinha
Album:Etá Gaúcho Bom
Ano:1963

Cobra Jiboia

Eu hoje estou me lembrando mas não é da sucuri
É de uma cobra maior lá do rio capicui
Quinze metros é o tamanho e a mais grossa que eu já vi
Uma tal cobra jibóia dessa o compadre não ri

Os pescadores não pescavam de tanto medo que tinham
Mandei chamar meu compadre me mandou dizer que vinha
Sem demora ele chegou lambendo a sua faquinha
Me perguntou debochando a onde está a cobrinha

Eu disse pro meu compadre está no rio capicui
Vai andando pela costa a cobra anda por ali
Meu compadre envermelhou e disse tu tem que ir
Então prá não apanhar junto eu tive que sair

Nós chegamos na barranca meu corpo se arrepiava
Meu compadre se lambia, de medo eu assobiava
A água fez uma onda na onda a cobra espiava
Daqui a pouco a cobra veio eu senti que me molhava

Meu compadre vendo a cobra já fez uma pirueta
Manobrava sua faquinha e eu fazia careta
A cobra veio piando subindo na barranqueta
E eu também já fui subindo num pé de figueira preta

Lá de cima eu tava vendo meu compadre atrapalhado
Querendo engolir a cobra mas dessa vez foi trocado
Ela que engoliu ele tive pena do coitado
Mas meu compadre foi vivo e já saiu do outro lado

Conseguiu matar a cobra, lá de cima eu não desci
Meu compadre estava bravo e eu quase morto de ri
Ele perguntou porquê eu então lhe respondi
Cobra cumprida demais o senhor não pode engolir

Teixeirinha - Cidade Triste

Compositor: Teixeirinha
Album:Menina da Gaita
Ano:1978

Cidade Triste

Naquela cidade triste
Que chamam de campo santo
Ali deixei certa vez
A a mãe que eu amava tanto
Saí no mundo rolando
Eu era tão garotinho
Todos tinham mamãezinha
Só eu coitado não tinha
Para me dar um carinho

Aí, mãezinha não pode ver
Este seu filho crescer
E ser o que eu sou agora
Aí, chorava eu faço uma idéia
Ia sentar na platéia
Me aplaudir nesta hora

Se ela estivesse viva
Que prazer ia sentir
Ver a mary terezinha
Tocando prá ela ouvir
Que pena mamãe não ver
Os meus milhares de fãs
Ia prezar como eu prezo
Ia rezar como eu rezo
No programa das manhãs

Aí, meus versos não vaguem ao léu
Dá um pulinho no céu
Ver minha mãe minha santa
Aí, vá lá na eternidade
Leve um beijo de saudade
Deste seu filho que canta.

Teixeirinha - Capão da Canoa

Compositor: Teixeirinha
Album:O Internacional
Ano:1973

Capão da Canoa

Capão da Canoa que praia tão boa
Para a gente amar!
Quando amanhece, tudo acontece
Na beira do mar
Quanta alegria a onda bravia
Na areia macia ela vem beijar
Quando a noite vem todos tem alguém
Prá vos abraçar
Capão da Canoa,
É tudo beleza
Lá não há tristeza, só a natureza
Já nos faz sonhar!

Capão da Canoa da serra e lagoa
Do mar e cidade
A brisa soprando com ela chegando
Mais felicidade
Verão sem calor lá não há suor
Só há muito amor e tranqülidade
Partimos no inverno depois é um inferno
De tanta saudade
Capão da canoa não posso esquecer
Amar é viver e ao te conhecer
Te amei de verdade

Capão da canoa da popa na proa
Meu barquinho a vela
A onda balança trazendo esperança
Prá linda donzela
Deitada na areia, fazendo a sereia
Sentir-se tão feia, com inveja dela!
E o doce lamento do mar e do vento
Namorando ela
Capão da canoa das lindas morenas,
Das loiras pequenas
Das manhãs serenas, da praia mais bela

Teixeirinha - Cantiga de Amor

Compositor: Teixeirinha
Album:Guerra dos desafios -Teixeirinha e Nalva Aguiar
Ano:1984

Cantiga de Amor

O sereno cai na flor
Seu olhar caiu em mim
Nestes meus versos de amor
Permita que eu diga sim
Você é a flor mais linda
Que nasceu no meu jardim

Que nasceu em seu jardim
O amor traz o ciúme
Achas que sou uma flor
Ser sincera é meu costume
Vou guardar por toda vida
Só prá você meu perfume

Só prá mim seu perfume
Eu não sei se eu mereço
Também sou muito muito sincero
E a verdade não tem preço
Flor mais linda igual a você
Eu juro que não conheço

Me juras que não conheces
Parece que estou sonhando
Suas palavras moreno
Já estão me contagiando
Ao ouvir seus elogios
Meus olhos estão chorando

Seus olhos estão chorando
A lá grima ninguém evita
Vou dizer com mais amor
Minha linda senhorita
Flor tão linda igual a você
Até chorando é bonita

Chorando eu sou bonita
Você está me dizendo
Suas palavras de amor
Algo a mais está me envolvendo
Minh’alma está se partindo
E o meu corpo está tremendo

Seu corpo está tremendo
Que isto acontece eu vejo
Meus lábios também tem sede
Da doçura dos seus beijos
Os meus suspiros de amor
Balança a flor que eu desejo

Balança a flor que eu desejo
Se eu cair viro em pedaços
Já sinto o meu coração
A miudando os compassos
Querido faça que eu caia
Dentro da cruz dos teus braços

Dentro da cruz dos teus braços
Cai agora minha flor
Quero ganhar os seus beijos
Depois quero o seu amor
Será o melhor remédio
Prá amenisar nossa dor

Prá amenisar nossa dor
Nesta noite colorida
Nos unimos para sempre
Não haverá despedida
Amor grande igual ao nosso
Perdura por toda a vida

Perdura por toda a vida
Enquanto o mundo for mundo
Cada hora do relógio
Prá nós será um segundo
Prá lhe dedicar mais tempo
O meu amor mais profundo

O seu amor mais profundo
Vou pegar medo da morte
Vou rezar muito prá deus
Para nos dar muita sorte
Que ele conserve prá sempre
Nosso amor puro e mais forte

Nosso amor puro e mais forte
Nos conduz em bom caminho
Querida flor relicária
Perfuma e sem espinho
Viverá eternamente
Seu carinho em meu carinho

Deus que ouça nossas preces
E os anjos digam amém
Que em nosso divino amor
Não interfira ninguém
O nosso ninho está pronto
Vamos prá casa meu bem

Teixeirinha - Colono Brasileiro

Compositor: Teixeirinha
Album:Teixeirinha Sempre Teixeirinha
Ano:1973

Colono Brasileiro

Eu programei um passeio
Lá na minha fazendinha
Na volta dei um balanço
O que era a vida minha
Morando aqui na cidade
Viver de rei e rainha
Um dia falta de carne
Outro feijão e farinha
Sempre faltando uma coisa
No centro no fim da linha
Não há como lá na roça
Um luar e uma palhoça
Antiga vida que eu tinha

Uma casinha pequena
Luminada a lampião
No inverno é muito frio
Se faz um fogo no chão
Uma mulher bonitinha
No avental secando a mão
Sorri e dá um beijinho
E alcança o chimarrão
A lua invadindo a casa
Cheiro de manjericão
Depois da janta é prá cama
Com a esposa que a gente ama
Dona do meu coração

O galo amiúda o canto
É hora de ir levantando
Enquanto ela faz o fogo
Na mangueira estou lidando
Tiro o leite da barrosa
Na cozinha estou entrando
A água já está quente
O chimarrão vou tomando
Depois o café com leite
Pão de forno acompanhando
Galinha frita e toucinho
Na esposa dou um beijinho
Prá lavoura vou cantando

Arvoredo muito grande
Mil galinhas no terreiro
Muitas vacas dando leite
Muitos porcos no chiqueiro
Feijão e milho plantado
Há verduras no canteiro
Água boa de vertente
Na sombra do mamoneiro
Fartura dentro de casa
No bolso muito dinheiro
Viver honrado e descente
Da inveja a muita gente
O colono brasileiro

Teixeirinha - Crime de Amor

Compositor: Teixeirinha
Album:Rio Grande de Outrora
Ano:1981

Crime de Amor

Senhor juiz me condene
Se eu for merecedor
Eu estou sendo acusado
De um lindo crime de amor
Este casal que aí está
Com testemunhas ao lado
Pedindo a minha sentença
Junto ao seu advogado
As testemunhas são falsas
Contratadas por tostões
Deram seus depoimentos
Querem ter suas razões
Advogado eu não trouxe
Não viu o que aconteceu
Só quem sabe da verdade
É esta mulher e eu

Eu amo e ela me ama
Eu quis e ela me quis
E o amor aconteceu
Prossigo senhor juiz
Somos de maior idade
E quem ama não receia
Se é crime senhor juiz
Leve nós dois prá cadeia
O marido bate nela
Antes de saber de tudo
Merece mais a cadeia
Este machão carrancudo

Senhor juiz me desculpe
Entendo pouco da lei
Dá segurança prá ela
Confirmará o que eu falei
Quando um ama e o outro não
Não podem viver assim
Ele é louco por ela
E ela é louca por mim
Por ela também sou louco
Senhor juiz eu lamento
Mas do que adianta prá eles
O papel de casamento
Eu sei que proteje os bens
E aos filhos dá segurança
O amor supera tudo e pesa mais na balança
Senhor juiz olhe ela
Seus olhos confirmam e clamam
Chora sorrindo prá mim
Veja como ela me ama

E a gora senhor juiz
Meu depoimento encerra
Como a vossa excelência
Vai dar um fim nesta guerra
O juiz lavou as mãos
Fez como pilatos fez
No fôro de julgamento
O amor venceu as leis
Hoje ela vive comigo
E o amor é caprichoso
E nem as paredes sabem
Qual é o mais carinhoso
O nosso crime de amor
As leis penais não condenam
Só fui sentenciado e preso
Nos braços dessa morena.

Teixeirinha - Carícias de Amor

Compositor: Teixeirinha
Album:Caricias de Amor
Ano:1970

Carícias de Amor

Pega, pega, pega, pega,
Cachorrinho mordedor
Vai morder devagarinho
Pézinho do meu amor

Anda brigando comigo
Todo dia toda hora
Me pregando cada susto
Dizendo que vai embora
Meu amor me faz dodói
Machuca não sei porquê
Quanto mais você machuca
Mais eu gosto de você

Pega, pega, pega, pega,
Cachorrinho mordedor
Vai morder devagarinho
Pézinho do meu amor

Meu amor fugiu de mim
Foi a festa do divino
Depois veio me dizer
Que foi só bater o sino
Meu amor me faz ciúme
Mas não namora ninguém
Tem medo que eu possa ir
Namorar outra também

Pega, pega, pega, pega,
Cachorrinho mordedor
Vai morder devagarinho
Pézinho do meu amor

Pedi um beijo prá ela
Me ofereceu o rostinho
Na boca disse que não
Porque vai criar sapinho
Depois de nós dois casados
Vou me vingar meu amor
Te dá uma surra de beijo
Até você chorar de dor.

Pega, pega, pega, pega,
Cachorrinho mordedor
Vai morder devagarinho
Pézinho do meu amor

Teixeirinha - Como será o fim

Compositor: Teixeirinha
Album: 10 Desafios Inéditos- Teixeirinha e Mary Terezinha
Ano:1982

Como será o fim

Quando a sanfona se abre
E o violão entra de manso
Ghega um improvisador
Naquele passo de ganso
Se acaso eu tiver por perto
O passo dele eu acerto
Sem lhe vencer não discanso

Sem lhe vencer não discanso
Certa vez um tal de onofre
Chegou fazendo proposta
E eu disse hoje tu sofre
Levei o dinheiro dele
Não esqueço o dia aquele
Que nem mexi no meu cofre

Que nem mexeu no teu cofre
Acabou tua miséria
Eu estou chegando agora
Andava meio de férias
Mas quando ouvi o teu papo
Me atravessei que nem sapo
Prá tratar de coisa séria

Prá tratar de coisa séria
Ninguém me causa transtorno
Não tinha te visto aí
Mas tu me fez o retorno
É antiga a nossa richa
Mas nem que tu te remecha
Não tira o pão do meu forno

Não te tiro o pão do forno
Teixeirinha não me inerva
Eu tiro o pão do teu forno
E a cebola da conserva
E atiro tudo prá cima
Porque no verso e na rima
Nunca fiquei na reserva

Nunca ficou na reserva
Quem quiser que se arremangue
E traga o talão de cheque
Mary eu quero que te zangue
Não me ganha e não me furta
Tu vai ver que a coisa encurta
Depois que ferver o meu sangue

Depois que ferver o teu sangue
Enbrabesse esquenta a cuca
Traga o dinheiro e o juiz
Que hoje eu encho a combuca
Minha idéia está fervendo
Traz o dinheiro correndo
Se não eu fico maluca

Se não tu fica maluca
Mas hoje tu perde a fila
Toma cuidado menina
Que o teixeirinha não coxila
Te venço sem sacrifício
E construo um edifício
Prá sombriar na tua vila

Prá sombriar na minha vila
Constrói um arranha-céu
Não quero sombra na vila
Onde o sol faz escarceu
Lá o meu povo é liberto
E que te venso estão certo
Dinheiro roupa e chapéu

Dinheiro roupa e chapéu
Tu tá ficando caduca
Construo o arranha- céu
Perto da tua arapuca
E prá falar a verdade
Vou transformar em cidade
Tua vila michuruca

Minha vila michuruca
Então constrói se és macho
Espero ele ficar pronto
Depois eu faço o que eu acho
Será mesmo indiscutível
Ponho uma bomba explosivel
E o teu prédio vem prá baixo

E o meu prédio vem prá baixo
Isso é pior que um furto
Talves tu pegue uma febre
E essa febre vire surto
Aí da vila tu sai
Porque o meu prédio não cai
Com bomba de paviu curto

Com bomba de paviu curto
Cai tijolo por tijolo
Cai ferro cimento e cal
Depois eu dismancho o bolo
Continua o meu casebre
E o teixeirinha que se quebre
Que nem água de manjolo

Que nem água de manjolo
Moça linda e orgulhosa
Depois de meu prédio pronto
Tu dirá coisa mimosa
Na frente terá um jardim
E tu vai chegar prá mim
Prá me pedir uma rosa

Prá te pedir uma rosa
Morei no teu pensamento
Depois vai querer me dar
O mais lindo apartamento
Aí eu vou mais além
Quero o coração também
E te presto um juramento

E me presta um juramento
Fiquei surdo fiquei mudo
Aceito o teu juramento
E o teu pedido graúdo
Para a gaita e o violão
E leva o meu coração
Com tripa mondongo e tudo

Com tripa mondongo e tudo
Na vila terá asfalto
E o nosso apartamento
Será aquele mais alto
Terá conforto e mordomo
E a nova vida eu retomo
E contigo jamais me exalto.

Teixeirinha - Cobra Sucuri

Compositor: Gildo de Freitas
Album:Teixeirinha Interpreta músicas de amigos
Ano:1963

Cobra Sucuri

Eu às vezes tô me lembrando
De um bom compadre que eu tinha
Valente como um diabo
Pior que galo de rinha
Quando o compadre puxava
Sua faca da bainha
Até a própria polícia
Prometia mas não vinha.

Me contou um morador
Lá do rio Gravataí
Que na costa desse rio
Ninguém mais pescava ali
Porque diz que aparecia
Uma cobra sucuri
E aquela cobra fazia
Todos os pescadores fugir.

Eu contei pro meu compadre
Ele garrou pegou a ri
Convidou pra nós ir lá
E eu já me arrependi
Pra ele não embrabecer
Eu fui obrigado a ir
Lá na costa desse rio
Ver a cobra sucuri.

Nós chegamos na barranca
Eu senti um arrepio
Mas quando eu vi a cobra
O meu compadre também viu
A água fez uma onda
Na onda a cobra sumiu
E ainda por desaforo
Deu uns quatro ou cinco piu.

Meu compadre vendo a cobra
Já foi largando as tamancas
Deu um jeitinho no corpo
E da sua faca branca
A cobra veio piando
Veio subindo a barranca
E eu também já fui subindo
Num pé de figueira branca.

Lá de cima eu tava vendo
Como um homem se desdobra
Aí vi que o meu compadre
Tinha destreza de sobra
Ele foi dando um jeitinho
Foi fazendo uma manobra
Em vez da cobra comer ele
Ele é quem comeu a cobra.

Depois da cobra comida
Meu compadre embranqueceu
Olhou pra mim e disse
Por que foi que tu correu?
Ora, ora meu compadre!
Tu bem sabe quem sou eu
Eu tava louco de medo
Da cobra que tu comeu!

Teixeirinha - Coração sem Amor

Compositor: Teixeirinha
Album:Disco de Ouro
Ano:1965

Coração sem Amor

Eu vou embora moreninha linda
Estarei longe no romper da aurora
Está será a última serenata
Triste chorando me despeço agora
Não adianta viver por aqui
Alimentando uma ilusão
Eu tenho tudo mas me falta tudo
Tudo prá mim é o teu coração

O coração que você traz no peito
Eu sei que bate mas não tem amor
Eu sou um homem não tenho defeito
Por que será que me matas de dor
Quero distante esquecer de ti
Quando apagar este amor do meu peito
Talvez eu possa voltar por aqui

É doloroso a gente amar no mundo
Gostar demais de uma criatura
E esta então não gostar da gente
Como é triste ter a desventura
O coração bate descompassado
Os olhos choram o pranto dolorido
Por isso parto nesta madrugada
Já chega o muito que eu tenho sofrido

Deixo prá trás o meu torrão querido
Por que aqui não pude ser feliz
Vou pelo mundo em busca de consolo
Para esquecer alguém que não me quis
Eu te prometo terra onde eu nasci
Não sei o dia e nem o momento
Mas voltarei quando puder tirar
Aquela ingrata do meu pensamento

Teixeirinha - Companheiros

Compositor: Teixeirinha
Album:Ultima Tropeada
Ano:1968

Companheiros

Companheiros venham todos
Prá roda da minha mesa
Pagarei toda despesa
Não me interessa o valor
Traga aqui muita bebida
Seu garçon faça o favor
Se quiser beba com nós
Quero molhar minha voz
Prá falar do meu amor

Companheiros
Foi assim que aconteceu
Um alguém apareceu
Prá casar-se com meu bem
Companheiros
São golpes que a vida tem
Ela não era sincera
Eu pensava que ela era
Só minha e de mais ninguém

Companheiros
Eu jurava por tudo que era sagrado
Que por ela eu era amado
Com loucura e com paixão
Era capaz de brigar
Com quem dissesse que não
Ela mesma hoje falou
Que de outro ela gostou
E vai dar seu coração

Companheiros
Chorar não é meu costume
Mas é tão grande o ciúme
Que me faz chorar aqui
Companheiros
No meu caderno escrevi
Ele é nosso companheiro
O mais falso traiçoeiro
Dos amigos que eu já vi

Companheiros
Não suporto o peso da minha mágoa
Os meus olhos rasos d’agua
Confirmam a minha loucura
Não existe para mim
No mundo outra criatura
Mais tarde ela com certeza
Também virá nesta mesa
Chorar sua desventura

Companheiros
Ele ao se satisfazer
Da loucura de querer
Vai desprezar ela eu sei
Companheiros
Anote agora o que eu direi
Breve aqui minha querida
Também vai pagar bebida
Nesta mesa que eu paguei.

Teixeirinha - Chumbo Grosso

Compositor: Teixeirinha
Album: 10 Desafios Inéditos- Teixeirinha e Mary Terezinha
Ano:1982

Chumbo Grosso

Mary Terezinha:
Teixeirimha se prepara
Vou entrar no teu terreno
Eu cheguei prá tudo ou nada
Hoje sou eu que ordeno
Da maneira em que te encontro
Tu hoje és café pequeno
Prá ser bem franca e sincera
Tu disse aí que eu já era
Me transformei num veneno

Teixeirinha:
Te transformou num veneno
Chumbo grosso vem aí
Bota raiva nessa moça
Parece que vai me engolir
Mas pode ficar sabendo
Não tenho medo de ti
Te agarro pelo pescoço
Jogo lá em mato grosso
Na boca da sucuri

Mary Terezinha:
Na boca da sucuri
Nem disso eu tenho medo
Hoje eu quero o teu pescoço
Prá torcer ele mais cedo
Te afrouxo dente por dente
Te quebro dedo por dedo
Quando tu chorar de mágoa
Faço um buraco na água
E enterro o teu segredo

Teixeirinha:
E enterra o teu segredo
A moça está violenta
Mas prá me vencer cantando
Tem que comer mais polenta
E na oficina da rima
Tu tem pouca ferramenta
Se eu me tornar violento
Faço um buraco no vento
Enterro o que tu inventa

Mary Terezinha:
Enterra o que eu invento
Aí te dou prejuízo
Boto fogo no teu ninho
Desmancho teu paraíso
Acabo com a tua fama
Não me responsabilizo
Já te dei muito carinho
Mas hoje só tem espinho
No lugar aonde eu piso

Teixeirinha:
No lugar onde tu pisa
O teu espinho eu combato
Vou secar tua lagoa
E botar fogo no mato
Assim como és ingrata
Eu também sei ser ingrato
Tu prá mim foi um tesouro
Mas hoje por desaforo
Despedacei teu retrato

Mary Terezinha:
Despedaçou meu retrato
Eu sei que tu me odeia
Quem cantando não me vence
Enloquece e sapateia
Vira cambota no ar
Bate com o lombo na areia
Se levantar eu te empurro
E novamente eu te surro
E não me faz cara feia

Teixeirinha:
E não me faz cara feia
Mas é linda a minha cara
E tu tens que respeitar
A distância que nos separa
Rosto belo igual ao meu
Neste mundo é coisa rara
Sou homem de muito preço
Cada vez mais encareço
Quando a inflação dispara

Mary Terezinha:
Quando a inflação dispara
O cara é mesmo cabola
Será que não te disseram
Que tu parece uma esmola
Dada de mau coração
Por um lacaio frajola
És feio igual à tristeza
Que ofusca a minha beleza
E o meu corpo de viola

Teixeirinha:
E o teu corpo de viola
Mas de viola quadrada
Me prometeu chumbo grosso
Até agora eu não vi nada
Quero mostrar minha idéia
Mas a tua está cansada
Assim para o teixeirinha
Tu é caldo de galinha
Prá pessoa adoentada

Mary Terezinha:
Prá pessoa adoentada
Aí é que tu te engana
Não estás correspondendo
Minha raiva minha gana
Ficaste que nem macaco
Aí comendo banana
Já afundei tua barca
Já mostrei que sou monarca
E tu não sai da cabana

Teixeirinha:
E eu não saio da cabana
A resposta vem agora
Prá que sair da cabana
Se não ten ninguém lá fora
E aceite o meu conselho
Diga adeus e vá embora
Procurar quem cante pouco
Porque comigo é sufoco
Não tem dia e não tem hora

Mary Terezinha:
Não tem dia e não tem hora
Não tem hora e não tem dia
Custaste mas tu chegou
Bem no lugar que eu queria
A morte não marca tempo
E agora tu te arrepia
Eu sou pior que a morte
Canto mais que a própria sorte
Te levo prá campa fria

Teixeirinha:
Me leva prá campa fria
Não nasci prá ser presunto
Sei porque quer me matar
Por isso é que eu nem pergunto
Tu queres ficar sozinha
E ser a rainha deste assunto
Não pega a corda do sino
Porque hoje eu extermino
Tua fábrica de defunto

Teixeirinha:
O rapaz da gravadora
Pelo jeito é um bom moço
Deu sinal que nós parasse
Que o disco está um colosso
Vamos nos pegar lá fora
Só prá ver quem cai no poço
Nós os dois ninguém convence
Sem saber quem é que vence
O desafio do chumbo grosso

Teixeirinha - Conselho aos Ébrios

Compositor: Teixeirinha
Album:Canta Meu Povo
Ano:1977

Conselho aos Ébrios

Eu andei bebendo
Sofrendo e chorando
Curtindo amargando
A saudade de alguém
Eu não me acalmava
Me desencontrava
Às vezes chorava
Por não ter ninguém
Enfrentava um tanque
Quebrava um palanque
Por aquele bem
Queria partir
Prá me divertir
Chegava pedir
Prá ela sofrer também

Mas um certo dia
São coisas da vida
Deixei da bebida
Voltei a ser eu
Hoje está no centro
Da casa que eu entro
Um anjo lá dentro
Que me apareceu
E a saudade louca
Que eu tinha da outra
Desapareceu
De tantos espelhos
Posso dar conselho
Prá ébrios alheios
Que ainda não morreu

Da outra que eu tenho
Ganhei confiança
Me encheu de esperança
Prá amar e viver
É uma nova flor
Da mais bela cor
Meu antigo amor
Me fez esquecer
Hoje acho gozado
Outro apaixonado
Pedir prá morrer
Da onde viver
Digam o que quizer
Mas por uma mulher
Não precisa beber

Teixeirinha - Coberta de Ouro

Compositor: Teixeirinha
Album:Um Gaúcho Canta para o Brasil
Ano:1961

Coberta de Ouro

Em outros tempos
Quando você era pobre
Eu também não era nobre
Era o que ainda sou
Só você
Teve sorte enriqueceu
Por isso agora esqueceu
Quem antes te agasalhou

Eu não quero seu dinheiro
Eu vivo bem pobrezinho
Eu só quro é que recordes
Que já foi meu seu carinho

Hoje coberta de ouro
Você cobre o corpo todo
E nega pra toda gente
Que o seu passado foi lodo

Ainda muda de calçada
Quando me encontra na rua
Fingindo não ser aquela
Boêmia amiga da lua

Não contarei
Que o seu passado foi lama
E nem que na mesma cama
Nos meus braços adormeceu
Não eu não relevo seu nome
E nem contarei ao homem
Que escolheste e agora é teu

A vida é duas escadas
Uma sobe a outra desce
Você subiu teve sorte
Eu fiquei você esquece
Se um dia por acaso
Desceres a outra escada
Aí verás que a coberta de ouro
Não vale nada

Se acaso isso acontecer
Seu ouro fugir da mão
Me procure que eu reparto
Com você meu pobre pão

Teixeirinha - Cheio de Magoa

Compositor: Teixeirinha
Album:Quem é Você Agora
Ano:1984

Cheio de Magoa

Meus olhos não são cascata
Mas estão vertendo água
Meu peito não é doente
Mas está cheio de mágoa
Também não é para menos
Tenho sofrido demais
Uma mulher sem juízo
Se junta com o diabo e faz
Caiu o mundo inteirinho
Na cabeça de um rapaz

Eu quis ser forte no amor
Em tudo eu sempre fui forte
Mas a mulher que eu tinha
Amei e não tive sorte
Quem me ganhou este amor
Foi um sujeito qualquer
Vigarista e vagabundo
Que outra mulher não quer
Mas a minha gostou dele
E hoje é sua mulher

Foi quando o mundo inteirinho
Caiu em cima de mim
Ela não tinha juízo
Talvés foi melhor assim
Essa é toda minha mágoa
Sempre fui muito faceiro
Não adiantou o meu porte
Não adiantou meu dinheiro
Se todas fossem assim
Eu ia morrer solteiro>

Teixeirinha - Casalzinho Violento

Compositor: Teixeirinha
Album:Lindo Rancho
Ano:1975

Casalzinho Violento

Ai moreninha
Moreninha meu amor
Eu preciso de você
Pra curar a minha dor

Ai moreninho
Moreninho apaixonado
Se souber falar de amor
Venha sentar do meu lado

Eu sei falar de amor
Eu seu fazer cartinho
Eu sei amar a flor
Eu sei tirar o espinho
Sei amar e sei cantar
Só não sei viver sizinho

Ai moreninha
Anjo louro sem chapéu
Deus deixou a porta aberta
E você caiu do céu

Ai moreninho
Na hora em que eu caí
Querido eu não esperava
Encontrar você aqui

Há tempo estou aqui
Morrendo de paixão
Na hora em que eu lhe vi
Lhe dei meu coração
Moreninha queridinha
Não me faça judiação

Ai moreninha
Escuta aqui vem pra cá
Quero em nosso casamento
Muita flor de manacá

Ai moreninho
Eu quero que você veja
As flores de manacá
Espalhadas na igreja

As flores espalhadas
E o nosso casamento
E aquela gentarada
Lendo o meu pensamento

Fala:
Ela:- o que você está pensando heim?
Ele:- nada... ué
Ele:- e você?
Ela:- nada também ( ra...ra...ra... )
Ela e ela ( ra...ra...ra...ra...ra...)
Cantado:
Vai pra casa que é uma brasa
O casamento violento

Teixeirinha - Casal de Valentes

Compositor: Teixeirinha
Album:Etá Gaúcho Bom
Ano:1963

Casal de Valentes

Lá no rio grande aonde estou morando
Vivo feliz com animação
Tenho uma estância cheia de gado
Muitas ovelhas e boa produção
Me impressionei com uma cartinha
De uma fazendeira de minas gerais
Falei com ela numa exposição
De gado em são paulo
Há dias atrás

Está cartinha está chegando agora
E eu estou lendo com muito carinho
Linda mineira está me perguntando
Se eu sou solteiro e vivo sozinho
Até parece que ela adivinhou
Eu vim de lá meio apaixonado
E se me ama como diz a carta
Me considero contigo casado

Diz que o mineiro é muito valente
Valente é o gaúcho também
Se eu me casar com a mineirinha
Já estou pensando nos filhos que vêm
A raça é braba já sai misturado
Sangue cruzado mineiro e gaúcho
Enquanto um mata o outro degola
O outro enforca e já queima cartucho

Os nossos filhos saem super valentes
De vez enquanto dá revolução
Vai dar trabalho prá toda polícia
E nós pagar prá tirar da prisão
Mas assim mesmo tu vens mineirinha
Minha fazenda é prá lá de missões
Traz o teu gado prá se unir com o meu
E unir também os nossos corações.

Teixeirinha - Chofer de Taxi

Compositor: Teixeirinha
Album:Chimarrão da Hospitalidade
Ano:1971

Chofer de Taxi

Falado:
“Comigo não tem lesco-lesco não!
Sou chofer de praça falo na gíria
E o meu treco é mulher”.


Ai que vidinha boa sou chofer de praça
Trabalho de graça por pouco dinheiro
Quando eu ligo o táxi o boneco chia
Perco a simpatia do meu passageiro

Pergunto o destino ele me responde
Se não sabe aonde é melhor pra mim
Vou de rua em rua só fazendo volta
Ele se revolta e eu lhe falo assim

Desculpe seu moço me faço de louco
Pra não dar o troco digo que não tenho
Já entra uma moça rebolando e bela
Eu não cobro dela quando vou e venho

Se, entro contra mão tirando um fininho
Dou um sinalzinho quando o guarda avista
Ele é camarada não me caneteia
Se, faz cara feia já me põe na lista

Pra tirar o castigo baixo a bandeirada
Pela madrugada só na mariposa
Quando chego em casa é que vejo as pancas
Pra tirar a tranca da mão da esposa

Eu converso ela e vou direito a cama
Já ela me chama antes do meio dia
Levanta malandro vai servir o povo
E eu saio de novo só na correria

Se, é de mini-saia que uma dona senta
O fusquinha esquenta e falha o motor
Puxo aquele papo na base do molho
E não tiro o lho do retrovisor

Pra chofer de praça o povo é boneco
Apelido treco de brincadeirinha
A gente corre muito não leva ninguém
Eles dizem também lavai o fominha

A vida é uma graça pra nós taxistas
Ser bom motorista o povo requer
Se, levo um barbado fico carrancudo
O melhor de tudo é carregar mulher

Teixeirinha - Cantiga de Saudade

Compositor:Luiz Menezes
Album:Minha Homenagem
Ano:1972

Cantiga de Saudade

Cantiga da saudade
Cantiga de dor
Cantiga de verdade
Cantiga de um grande amor

Quando eu me lembro
Quanto eu te amo
Na minha solidão te chamo
Mas quando eu penso
Que tu foste embora
Minha alma de saudade chora
Aquele rancho
Que nós construímos
Também destruímos
Com a separação
O joão-de-barro
Abandonou seu ninho
Seguiu o teu caminho
De desilusão
Eu só te peço
Não retornes nunca
Pois o amor que trunca
Não florece mais
Já me consola na dor
Da saudade
A felicidade que ficou pra trás

Teixeirinha - Cavalinho Tordilho

Compositor: Teixeirinha
Album:O Rei do Disco
Ano:1965

Cavalinho Tordilho

Meu cavalinho tordilho
Criei parando rodeio
Confiança do meu arreio
O mais querido animal
Por causa de uma manada
No potreiro de um vizinho
Relinchando foi sozinho
Correndo só de buçal
Quando cruzou no asfalto
Passava um caminhão alto
No momento casual
Bateu no meu tordilhinho
Pobre domeu cavalinho
Teve uma morte fatal

Prá tratar meu tordilhinho
Eu estava no galpão
Preparando uma ração
Quando ouvi uma batida
Saí na porta depressa
Fui correndo pro local
Vi o meu pobre animal
Perdendo a preciosa vida
Tordilinho fui dizendo
Gemeu me reconhecendo
Com as costelas partidas
Por incrível que pareça
Ainda levantou a cabeça
Por sinal de despedida

Como tudo acontece
Puxei depressa o revólver
Na hora aga deus resolve
Tira o mal do nosso trilho
Fui me vingar do chofér
Ele me fez entender
Que matou foi sem querer
O pingo do meu lumbilho
Chorando cavei um valo
Enterrei o meu cavalo
Em volta plantei o milho
Pus a cruz na sepultura
Guardei uma ferradura
Por lembrança do tordilho.

sábado, 29 de agosto de 2009

Teixeirinha - Canarinho cantador

Compositor: Teixeirinha
Album:Canarinho cantador
Ano:1964

Canarinho cantador

Canarinho cantador
O que foi que aconteceu
Tu cantavas tão alegre
De repente emudeceu
Canarinho cantador
O maior amigo meu
Faz dueto quando eu canto
Mas agora entristeceu

Se, é porque ela foi embora
Daqui desapareceu
Isso ela fez várias vezes
Antes que você nascer
Ela foi mas logo volta
Não pode viver sem eu
Amigo não fique triste
Que ela não me esqueceu.

Canarinho eu aconselho
Para quem não aprendeu
Quando a mulher vai embora
E satisfação não deu
Não chames, não vais atrás
Faz que nem percebeu
De volta ela vem chorando
E diz que se arrependeu

Canarinho estou lembrado
Um dia também sofreu
Deixaste a gaiola aberta
E alguém asas bateu
Voou para muito longe
De saudades aborreceu
Não te traiu canarinho
Voltou para o cantinho seu.

Tua linda canarinha
Esse ato cometeu
Fez igual a minha amada
Comigo desentendeu
Sem demora esta de volta
A consciência doeu
Ela esta pensando em mim
A paixão lhe comoveu

Canta, canta canarinho
Que ninguém te ofendeu
A minha morena linda
Vem ali, já resolveu
Está deitada em meus braços
Quantos beijinhos me deu
Canta, canta canarinho
Pro amor que não morreu

Teixeirinha - Canoeiro dos Mares

Compositor: Teixeirinha
Album:Menina da Gaita
Ano:1978

Canoeiro dos Mares

O canoeiro do mar bravio
Não teme o frio
Fome, nem sede
Enfrenta a morte atrás do peixe
Faz o desfeche
Da própria rede

O canoeiro dos mares
O pescador sorridente
Deixou a praia e zarpou
Numa manhã muito quente
O temporal se armou
Levando o mar pela frente
A àgua rompeu na proa
O vento virou a canoa
Do canoeiro valente

O canoeiro tentou voltar
Lutou com o mar
Mas não venceu
Quebrou o barco
Caiu na àgua
Cheio de mógoa ele morreu

A mulher do canoeiro
Foi prá praia neste instante
Olhava o céu e clamava
Senhora dos navegantes
Quando rezou era tarde
As ondas do mar gigante
Mandou de volta a canoa
Quebrada da popa à proa
Sem o corpo do amante

O canoeiro já não existe
Ficou tão triste sua mulher
Criando os filhos prá lá e prá cá
Pois seja lá o que deus quiser

Hoje na praia deserta
A amulher faz paradeiro
Toda vestida de luto
Rezando prá o companheiro
Atira a rede na àgua
Prá ganhar menos dinheiro
Coitada não tem canoa
Prá sustentar sua pessoa
E os filhos do canoeiro

Teixeirinha - Burro Picaço

Compositor: Anacleto Rosas
Album:Norte e Sul
Ano:1977

Burro Picaço

Comprei um burro picaço
De três ano mais ou menos
Na hora de dá o recibo
O tropeiro foi dizendo

Cuidado com esse macho
que ele tem fama
De ser perigoso
Por ter matado peão
O nome do burro ficou criminoso

Joguei o lombilho no burro
O macho se estremeceu
Apertei a barrigueira
O meu burrão se encolheu

Sentei enrriba do couro
O povo de perto de medo correu
Mas qual o que minha gente
Pagão que me aguente
ainda não nasceu

Cortei a crina do burro
No sistema meia-lua
Prá cortar uma légua e meia
Meu criminoso nem soa

Prá passar tranqueira
Passar uma porteira
Corrida ele avoa
Sai fogo de todo lado
No passo picado
Na pedra da lua

Eu já vi burro ligeiro
Mas igual a esse ainda não
Rejeitei cinco pacote
Do filho do meu patrão

Gosto muito de dinheiro
Cinco mil cruzeiro
Não leva o machão
Pra falar mesmo a verdade
Não existe riqueza
Que compre o burrão.
-Este burro custa mais que o fregues pensa tchê!

Teixeirinha - Briga de Amor

Compositor: Teixeirinha
Album:10 Desafios Inéditos- Teixeirinha e Mary Terezinha
Ano:1982

Briga de Amor

Sou a mary terezinha
Que o teixeira desafia
Ele tenta me vencer
Desde o tempo de guria
Eu sei que ele pinta a manta
Mas a mary quando canta
Dá mais força na garganta
E a platéia se arrepia

A platé ia se arrepia
Porque o teixeirinha é monarca
O povo já está sabendo
Que mary desce da barca
E eu por ser atrevido
Digo sem ser convencido
Não é o primeiro vestido
Que o teixeira bota a marca

Que o teixeirinha bota a marca
Acho que agora tu para
Malcriado e convencido
Bato o pé e tu dispara
Eu te tiro da rotina
Nem mulher e nem menina
Nem, homem da fala fina
Vai olhar prá tua cara

Vai olhar prá minha cara
Quem tem cara é meu cavalo
Eu tenho um rosto bonito
E é sorrindo que eu falo
Loira e morena bela
Mulher e moça donzela
Depois que eu converso ela
Roubo no cantar do galo

Rouba no cantar do galo
Venha da onde vier
Eu acho que isso é papo
A polícia é que te quer
Em todas delegacias
Tens processo a revelia
Com a tua fotografia
Pega o ladrão de mulher

Pega o ladrão de mulher
Isso não é bem assim
Se eu tenho roubado alguma
Ela é que pede prá mim
É claro que eu sou charmoso
Bonitão e carinhoso
Meu apelido é gostoso
Cravo branco do jardim

Cravo branco do jardim
Tem a brancura da espuma
Com esse mundo de mulher
Não sei como tu te arruma
Eu acho que está brincando
Me mentindo ou balaquiando
Não fica aí te gabando
Tu não dá conta de uma

Eu não dou conta de uma
Então jogamos uns pila
Saimos daqui agora
Para a cidade ou prá vila
Elas sentem o meu perfume
Já vem como de costume
Tu vai pedir de ciúme
Prá ser a primeira da fila

Ser a primeira da fila
Vou apostar por pirraça
Entro na fila primeiro
Sei que de mim não passa
Prá ver o que eu nunca vi
Na hora eu salto dalí
O mulheriu atrás de ti
Até tu perder a calça

Até eu perder a calça
Ainda sou muito moço
Se eu não passar de ti
Ponho uma corda no pescoço
E as mulheres falam baixo
Bota o coitado no tacho
Que é o primeiro baita macho
Que morre com chumbo grosso

Que morre com chumbo grosso
Me passa prá cá o ouro
Que mulher igual a mim
Não aguenta desaforo
Sou cantora e sanfoneira
Divirto a platéia inteira
E mostrei que o seu teixeira
Papeia e não dá no couro

Papeia e não dá no couro
Ainda não me ganhou
Recém fizemos o jogo
E o juiz não chegou
Tá brava igual uma brasa
De pena eu entrego a vasa
Mas quando eu chegar em casa
Vou te mostrar quem eu sou

Vai me mostrar quem tu és
Sabes que eu sou um perigo
Eu não reparto o amor
E agora mais braba eu digo
Que tu é bem homem eu sei
Mas o jogo eu te ganhei
E para o povo eu mostrei
Que tu só pode é comigo

Que eu só posso contigo
Pior é se eu pudesse
Eu sei que sou muito mais
Mas se eu digo ela embrabesse
Quem ama não faz combate
Já me contenta o impate
Bouquinha de chocolate
Onde os meus lábios se aquece

Bouquinha de chocolate
Onde os meus lábios se aquece
Nas horas que o dia sobe
Nas horas que a noite desce
De dia o que pode haver
De noite querem saber
É proibido dizer
O que, que nos acontece
Nosso adeus povo em geral
A vida é feita de amor
A coisa mais divinal
A nossa briga prossegue
E quando o amor persegue
Nem a policia consegue
Apartar briga de casal

Teixeirinha - Cantando nos States

Compositor: Teixeirinha
Album:Lindo Rancho
Ano:1975

Cantando nos States

Eu vou cantar um trecho bem bonito
Na minha carreira eu aproveitei
Depois de coração de luto
Seiscentas canções escrevi e gravei

Lá dos states veio um empresário
Com esse moço eu me contratei
Pra ir cantar nos estados unidos
Mary terezinha comigo eu levei

E a companheira de confiança
Em new york com ela cheguei
E na cidade de providence
Minha turnê por lá comecei

O avião silenciou as turbinas
A porta abriu e eu avistei
Duas bandeiras no meio do povo
Abracei a mary e com ela chorei

Uma bandeira do meu brasil
E a do rio grande onde eu me criei
Os brasileiros que por lá habitam
Beijaram a bandeira e eu também beijei

Fui do hotel pro rock point park
Duas seções lotadas eu dei
Enquanto a mary puxava a sanfona
A raça gaúcha cantando eu mostrei

New bestford depois de nova jersey
Duas semanas me apresentei
Rádio tv jornal e video tape
Com muita gente eu me entrevistei

Conheci boston e vim pra nova york
No empire states pra ver eu entrei
Subi os centro e trinta e oito andares
Cidade linda eu admirei

Depois chegamos no aereoporto
Junto da mary o avião tomei
Feliz chegamos no nosso brasil
Eu trouxe dolar e a fama deixei.

Teixeirinha - Bota Desafio Nisso

Compositor: Teixeirinha
Album:Menina Margareth / Vida e Morte
Ano:1980

Bota Desafio Nisso

Vem cá Mary Terezinha
Não vamos nos exibir
Tu me vence ou te venço
Nós temos que decidir
Desafio entre nós dois
O brasil pára prá ouvir

O brasil pára prá ouvir
Põe desafio nisso aí
Tu é o maior cantador
Regionalista que eu vi
Não tem vergonha na cara
Os que falam mal de ti

Os que falam mal de mim
Ó mary muito obrigado
Eu sei que injustamente
Tenho sido criticado
Mas eu não posso dar bola
Prá cachorro recalcado

Prá cachorro recalcado
Frustrado e sem capricho
Faz muito bem teixeirinha
Não dar bola prá cochicho
Depois que eles te criticam
Vão virar lata de lixo

Vão virar lata de lixo
Prá ver se encontra um osso
Depois que enche a barriga
Engrossa bem o pescoço
Vão pro jornal e pro rádio
Uivar dizer que sou grosso

Uivar dizer que és grosso
Estes cães têm pouca raça
Não passam de vira latas
Que corre até a fumaça
Enquanto eles vão latindo
Tua caravana passa

Minha caravana passa
Pra dar show e vender disco
Batendo o record de tudo
Deixando os cães sobre o cisco
Sem o risco de divisa
E sem divisa de risco

E sem divisa de risco
Já demos nossa resposta
Agora é com nós dois
Não sei se gosta ou não gosta
Teixeirinha te prepara
Que lá vai pau pelas costa

Que lá vai pau pelas costa
Agora é com nós dois
O que é prá fazer hoje
Não se deixa prá depois
Só não quero que a carreta
Ande na frente dos bois

Ande na frente dos bois
Mas hoje a carreta cruza
Levo toda a tua roupa
Camisa, calça e a blusa
Só não te levo outra coisa
Porque sei que tu não usa

Porque sabe que eu não uso
De naylon nem de flanela
Antigamente eu usava
Embora muito singela
Agora não tô usando
Porque emprestei prá ela

Porque emprestou prá mim
Agora eu te dou um nó
Meu povo ouça a verdade
De calça ele anda só
Se acaso estiver usando
Ele herdou da minha avó

Eu herdei da tua avó
Me vê da cabeça aos pés
Ontem fui a uma loja
E comprei prá mais de dez
E tu por não ter dinheiro
Vai andar de top-lees

Vou andar de top-lees
Eu sou mulher de vergonha
O meu maiô é inteiro
Teixeirinha não se oponha
E sei que quando tu dormes
Molha a cama quando sonha

Molho a cama quando sonho
Essa mentira é enorme
A mary é que toda a noite
Muda dois três uniformes
Porque amanhece molhado
Só no lugar que ela dorme

Só no lugar que eu durmo
Do lado dele derrama
Troca de lado comigo
Suspira e diz que me ama
Teixeirinha te segura
Se não apodrece a cama

Se não apodrece a cama
Diz que é eu mas tu não prova
No disco não cabe mais
Chega ao fim a nossa trova
O mary vamos prá casa
Comprar uma cama nova

Comprar uma cama nova
Não tem culpa o teixeirinha
E culpa também não tem
Dona mary terezinha
O culpado disso tudo
É o gato da vizinha.

Teixeirinha - Briga no batizado

Compositor: Teixeirinha
Album:Gaúcho Autêntico
Ano:1964

Briga no batizado

Domingo de tardezinha
Eu estava de ocasião
Eu recebi um convite
Que levasse o meu violão
Pra comer doce e galinha
E assado de leitão
Era um grande batizado
Na casa do seu Adão

Eu cheguei no batizado
Tava grossa a brincadeira
Dezoito mulher casada
E trinta e cinco solteiras
Fizeram roda na sala
Deram vivas pro Teixeira
Eu disse comigo mesmo
Hoje eu forro a cartucheira

Toquei a primeira marcha
Já me deram um beliscão
A Odete e a Maria vieram me dar um apertão
A Teresa e a Romilda me deram dois abração
E a Laurinha de ciúmes se agarrou no violão

A Nair e a Celina me abraçou no mesmo som
A Carmem e a Zoraidinha disse o Teixeirinha é bom
A Cecília e a Janete me beijaram e deram o tom
E as velhas gritou do canto
O comedor de batom

Todas me acariciando
Nisso chegou a Rosinha
Deu um tapa na Jussara
Outro na Mariasinha
A Marieta e a Jurema
Puxa os cabelos da Evinha
E começaram a brigar
Por causa do Teixeirinha.

Pra ver se acalmava a briga
Eu falava com carinho
Para querida não briga
Deixa a outra meu benzinho
Chegou o dono da casa
Virado num porco espinho
Entrou no meio da briga
E levou um tapa no focinho

Dono da casa correu
Olha o que as moças me fez
Entrei na briga de novo
Cai por cima de três
Nisso chegou a polícia
Disse agora é minha vez
O delegado me guardou
Quinze dias no xadrez

Teixeirinha - Briga Bonita

Compositor: Teixeirinha
Album:Caricias de Amor
Ano:1970

Briga Bonita

Em Bagé nasceu uma moça
Uma grande sanfoneira
Rainha do desafio
Trovadora brasileira
Mas, quando eu soube da fama
Eu dei um salto da cama
E embarquei para a fronteira

Embarcou para a fronteira
Mas, por questão de um segundo
Eu também tinha embarcado
Pras bandas de Passo Fundo
Pra provocar para uma rinha
O famoso Teixeirinha
Melhor trovador do mundo

Melhor trovador do mundo
É muita bondade sua
Nós dois nos desencontramos
Numa passagem da rua
Mas, hoje na gravadora
Encontrei com a professora
Que não vai ver mais a lua

Que não vai ver mais a lua
Nos encontramos Teixeira
Alô Rio Grande, Bagé
Minha querida fronteira
Escute o que eu digo aqui
Eu não volto mais pra aí
Se eu perder pra esta topeira

Se eu perder pra esta topeira
Proposta boa ela faz
Alô Rio Grande, Passo Fundo
Torrão que eu deixei pra trás
Se eu perder pra essa moça
Queime o rancho quebre a louça
Que eu pra lá não volto mais

Que eu pra lá não volto mais
Então procura o assunto
Agarra as tuas malas e vem
Que eu saio brigando junto
Hoje eu mato a minha sede
Te encosto numa parede
E já fabrico o defunto

E já fabrica o defunto
Quadro, corpo a bala passa
Lhe dou uma surra de beijo
Que é pra peleia ter graça
Boto um prego em cada pé
Depois vou lá em Bagé
Termino com a tua raça

Termina com a minha raça
Eu sou de raça valente
Se tu chegar em Bagé
E matar a minha gente
Eu faço tremer o mundo
Entro lá em Passo Fundo
Não fica um pra semente

Não fica um pra semente
Faço o mesmo na fronteira
Na cidade do Planalto
Passo Fundo tem trincheira
Nunca perdeu uma guerra
Gente lá da minha terra
Não é raça morredeira

Não é raça morredeira
A minha também não é
Deixemos as terras de lado
Passo Fundo e Bagé
Aqui na terra paulista
Onde briga dois artistas
Não nasce um pé de café

Não nasce um pé de café
Nem um pé de amendoim
Terá duas cruzes fincadas
Escrito um letreiro assim
Aqui morreu dois gaúchos
E aonde queimou cartucho
Também não nasce capim

Também não nasce capim
O sangue forma vertente
O letreiro da minha cruz
Tem que ser o mais decente
Tombou uma riograndense
Gauchinha bagiense
Da terra do presidente

Da terra do presidente
Governa o Brasil gigante
Vai chorar o Brasil por nós
Aqui na terra bandeirante
Nas duas cruzes de marfim
Quem vai chorar mais por mim
É o seu Flávio Cavalcante

É o seu Flávio Cavalcante
O Teixeirinha é um pão
Agora eu ressuscitei
E vou te arrancar do fundo
Anunciando o teu enterro
Dentro do meu coração

Dentro do meu coração
Menina da alma pura
Da terra voltei pros braços
Da mais linda criatura
Vai parar nação inteira
Pra ver as duas caveiras
Que voltou da sepultura

Teixeirinha - Caçando Marrecão

Compositor: Teixeirinha
Album:Lindo Rancho
Ano:1975

Caçando Marrecão

Dia primeiro de maio
Eu me lenvantei cedinho
A mary já estava pronta
Pra nós sairmos a caminho
O destino era caçar
No banhadão do caminho
Levei duas espingardas
Da coronha cor de vinho
Passamos por viamão
Encontramos com zezinho
Ele me disse teixeira
Tu não vai caçar sozinho
Eu vou buscar a julieta
E a minha espingarda preta
E o meu violão de pinho

Armamos o acampamento
Na beira de um riacho
A mary mais a julieta
Fervendo água no tacho
O sol deitou no horizonte
Que coisa linda que eu acho
Eu disse pro companheiro
Tá na hora eu não relaxo
E entrou banhado adentro
Dois cara valente e macho
Os marrecões vem em bando
Tu te agacha e eu me agacho
Atirando de bom jeito
Marrecão metendo o peito
Morrendo e vindo pra baixo

A mary com a julieta
Veio nos dar uma mão
Nos espalhando na água
Ajuntando marrecão
Voltamos pro acampamento
Fogo grande, chimarrão
Depois da janta esperamos
A lua dar o clarão
Sanfona chorava triste
Contrapontiava o violão
Meu peito cantava alto
Uma milonga canção
Meus companheiros afoite
O eco dentro da noite
Responde na imensidão

Não tem coisa mais bonita
Que um fogo de acampamento
Um tiroteio cerrado
Marrecões em movimento
Depois que o revôo cessa
Aceite - se o argumento
Toma um bom aperetivo
Depois um bom alimento
Pega o violão e a corvina
Com a lua no firmamento
Cantando encerro a caçada
Não esqueço um só memento
Sanfona, a mary e o pinho
A julieta e o zezinho
Companheiro cem por cento

Teixeirinha - Caminhoneiro Amigo

Compositor: Teixeirinha
Album:Menina da Gaita
Ano:1978

Caminhoneiro Amigo

Quem não conhece o caminhoneiro amigo
Que sem temer o perigo
Vai repontando o progresso
Rei do volante predestinado ao transporte
Deus que te dê muita sorte
Na partida e no regresso

Caminhoneiro amigo
Subindo serra e coxilha
Cruzando vila e cidade
Sentindo saudade
Da sua família

Caminhoneiro do olhar muito profundo
Tem duas casas no mundo
Uma fica a outra anda
Esta que anda é o caminhão que ele tem
Na que fica mora alguém
Que no seu coração manda

Caminhoneiro amigo
Valente homem da estrada
Ele zombando da morte
Fazendo transporte
Sem medo de nada

A madrugada vai apontando distante
Com ela o rei do volante
Vem repontando pro lar
Sua família que lhe ama e lhe quer bem
Mas sabe que ele não tem hora certa prá chegar

Caminhoneiro amigo
Que leva a vida rodando
Seu caminhão vai gemendo
Subindo e descendo
Partindo e chegando.

Teixeirinha - Bate bate Coração

Compositor: Teixeirinha
Album:Bate Bate Coração
Ano:1965

Bate bate Coração

Você é tão bonitinha, parece um botão de flor
De quem é esses olhinhos, que me faz um sofredor
Você disse que são meus, queria ser dourador
Pra dourar com ouro puro, os olhos do meu amor

Bate, bate coração, no peitinho do meu bem
Coração que bate, bate queria saber por quem
Você disse que é por mim, não bate por mais ninguém
O coração do meu peito, bate por você também

A lua no céu passeia, entre as estrelas brilhantes
E na terra o meu amor me visita todo instante
Como lindo neste mundo, o viver de dois amantes
Gosto tanto da malvada, que chego a botar quebrante

Bate, bate coração, no peitinho do meu bem
Coração que bate, bate queria saber por quem
Você disse que é por mim, não bate por mais ninguém
O coração do meu peito, bate por você também

Você diz que por mim chora, minha linda minha bela
Que me mancha de batom, meu palitó de flanela
Até agora não pude esquecer a noite aquela
Que o guarda nos pegou, nos beijando na janela

Bate, bate coração, no peitinho do meu bem
Coração que bate, bate queria saber por quem
Você disse que é por mim, não bate por mais ninguém
O coração do meu peito, bate por você também

Perfume da rosa branca tem o seu rosto moreno
Rainha de toda flor molhadinha de sereno
Eu beijaria seus lábios nem que tivesse veneno
Como pode amor tão grande neste mundo tão pequeno

Bate, bate coração, no peitinho do meu bem
Coração que bate, bate queria saber por quem
Você disse que é por mim, não bate por mais ninguém
O coração do meu peito, bate por você também

O coração do meu peito tique-taque, tique-taque
Bate por você também
O coração do meu peito bate por você também tique-taque

Teixeirinha - Beija-me Muito

Compositor: Consuelo Velasquez
Album:Teixeirinha Num Fora de Serie
Ano:1971

Beija-me Muito

Beija-me
Beija-me muito
Quero sentir os teus labios juntinhos aos meus
Beija-me
Beija-me muito
Como se for este beijo o beijo do adeus

Beija-me
Beija-me muito
Como se um beijo pudesse o amor sustentar
Beija-me
Beija-me muito
Como se fosse partir para não mais voltar

Quando a brisa da noite
Fizer do meu sonho,
Um sonho perdido.
Quando mais nada tiver
Guardarei nos meus labios
Teu beijo esquecido

Beija-me
Beija-me muito
Quero sentir os teus labios juntinhos aos meus
Beija-me
Beija-me muito
Como se for este beijo o beijo do adeus

Teixeirinha - Baralho sem Coringa

Compositor: Teixeirinha
Album:Disco de Ouro
Ano:1965

Baralho sem Coringa

Minha vida é um baralho
Que o destino embaralhou
Na mesa do sofrimento
Veio a saudade e alçou
A tristeza deus as cartas
A sorte de mão jogou
Faltou um ás no meu jogo
E a mágoa me derrotou

Me deram carta de novo
O sofrimento chulhou
A carta dois foi a dois anos
Que uma mulher me enganou
A carta três foi três lágrimas
Que dos meus olhos rolou
A carta quatro não veio
Meu pife outra vez furou

Outra vez foi embaralhado
A carta cinco sumiu
Seis e sete somam treze meses
Que com outro ela noivou
A carta oito fez par
Com a nove a sorte pifou
A dor bateu a parada
Minha esperança acabou

Joguei a última volta
A carta dez me avisou
Que a mulher que eu amo
Há quatro dias casou
A dama meu grande amor
O valete me levou
Eu sou o rei do baralho
Que sem coroa ficou

Teixeirinha - Baile de Mais Respeito

Compositor: Teixeirinha
Album:Bate Bate Coração
Ano:1965

Baile de Mais Respeito

-Se prepara Gildo de Freitas que essa vai para ti,
Petiço por petiço tu também és


Sábado fui dar uma volta lá para as bandas do povoado
Por lá descobri um baile já fiquei todo assanhado
No salão do Chico Torto um reboliço danado
O Gildo de Freitas no centro batendo em gente lá dentro
Mas quando na porta eu entro ficou branco apavorado
-Sentiu o cheiro do carvão com pedra!

Dei um grito para a gaita Teixeirinha está chegando
Perguntei para o Chico Torto quem é que aqui está mandando
Me diz que é o Gildo de Freitas que o povo está respeitando
Eu disse, não manda mais, teu é pau e o meu é az
Disparou gritei de trás, te arranca que tão pegando

E o Gildo saiu comprido, porta a fora tropicando.
E as moças davam risada do seu pala abanando
Esqueceu um lenço e um chapéu e eu detrás sai chutando
Tropicou caiu num valo agarrei pelo gargalo
Vai cuidar do meu cavalo enquanto eu sigo bailando
-O baile hoje é só pra mim!

Fiz ressuscitar os mortos e acabei com a choradeira
E tomei conta do baile com trinta moças solteiras
Gritavam para o Gildo ouvir o mais bonitinho é o Teixeira
É mais novo e tem mais brilho e o Gildo fora dos trilhos
Cuidando do meu tordilho debaixo de uma figueira
-Cuidado que o sereno vai te fazer mau índio velho!

Quando foi no outro dia na hora que o sol desponta
Eu chamei o Chico Torto se tu és macho me afronta
Escrevi meu nome a bala no chapéu do mosca tonta
Acabou o teu conforto o pobre do Gildo ta morto
E o salão do Chico Torto eu fechei por minha conta
-Lá tu vai dança quando eu quiser índio velho!

E soltei o Gildo de Freitas molhado que nem guri
Vai contar para os teus fãs o que eu te fiz por aqui
Acabei com a tua fama comedor de sucuri
Pois eu não sou o teu anzol tu só tem conversa molhe
Tu não briga é só farol, já chega tchau pra ti.

Teixeirinha - Bodas de Prata

Compositor: Roberto Martins
Album:Teixeirinha num fora de serie
Ano:1971

Bodas de Prata

Beijando teus lindos cabelos
Que a neve do tempo marcou
Eu tenho nos olhos molhados
A imagem que nada mudou
Estavas vestida de noiva
Sorrindo e querendo chorar
Feliz, assim
Olhando para mim
Que nunca deixei de te amar...

Vinte e cinco anos
de veneração e prazer
E até nos momentos de dor
O meu coração me faz compreender
Que a vida é tão pequena
Para tanto amor...!

Estavas vestida de noiva
Sorrindo e querendo chorar
Feliz, assim
Olhando para mim
Que nunca deixei de te amar...

Teixeirinha - Bom de Bola

Compositor: Teixeirinha
Album:Caricias de Amor
Ano:1970

Bom de Bola

Sou gaúcho riograndense
Venho lá de passo fundo
Estou morando em são paulo
Tenho um orgulho profundo
E desde o primeiro ano
Me tornei um corintiano
O melhor time do mundo

Eu também sou riograndense
De bagé lá da fronteira
Estou morando em são paulo
Terra boa hospitaleira
Só não me tornei corintiana
Porque a listra tão bacana
É o time do palmeira

É o time do palmeira
Melhor é o meu timão
Vocês podem entender
Muito em matéria de macarrão
Mas em matéria de jogo
Tira a polenta do fogo
Que o corintians é campeão

Corintians é o campeão
Vocês são muito banqueiro
Os palmeirenses têm classe
Melhor time brasileiro
Será o campeão do ano
E os pobres dos corintianos
Tira o leitão do chiqueiro

Tira o leitão do chiqueiro
Respeite o time da gente
O corintians é o maior
Do brasil mais competente
Olha aqui um corintiano
Não é um italiano
Comendo galeto quente

Comendo galeto quente
E a boa macarronada
Não é esses corintianos
Comedor de feijoada
O teu time teixeirinha
Só come algumas galinhas
Quando a bichinha é roubada

Quando a bichinha é roubada
Não roubamos de ninguém
Sou defensor do corintians
E agora a resposta vem
O teu time terezinha
Comendo muita galinha
Vira galinha também

Vira galinha também
Os palmeirenses não vira
Cada gol que nós marcamos
Nossa torcida delira
Palmeira é time de leite
Corintians é sem limite
Timinho de caipira

Timinho de caipira
Mas é o que sempre vence
Dono da maior torcida
Corintians ao povo pertence
É timão não é timinho
Todo o ano vira o vinho
Da boca dos palmeirenses

Da boca dos palmeirenses
Tomamos vinho por graça
Tem galeto, tem polenta
Macarrão de boa massa
E o banquete de voces
É no bar do português
Comendo feijão com cachaça

Comendo feijão com cachaça
Lá no bar do português
O corintians entrou lá
E eu me lembro só uma vez
Não pra comer feijoada
Mas pra pagar atrasada
Uma conta de vocês

Uma conta de vocês
E não devemos com fé
A torcida do palmeiras
Está pedindo olé
Domingo na quarta-feira
Vocês vão ver o palmeiras
Com a bola de pé em pé

Com a bola de pé em pé
Lá vai bola do barbante
O corintians e o palmeiras
São dois timão bandeirantes
Pára sanfona e viola
Que os dois timão de bola
Orgulham o brasil gigante.

Teixeirinha - Beijo Doce

Compositor: Teixeirinha
Album:Teixeirinha, O Gaúcho Coração do Rio Grande
Ano:1962

Beijo Doce

O teu rostinho é mais formoso
O teu beijinho tem mais sabor
Os teus olhinhos mais sinceridades
O teu corpinho tem mais amor
Quando te abraço quase enlouqueço
Quando te beijo sinto a paixão
Já vi que és a moça indicada
Que deus mandou para o meu coração
E se não for este o meu amor
Até não sei o que será de mim
Foi ela mesma que de longe trouxe
Este beijo doce que não tem mais fim
Foi ela mesma que de longe trouxe
Este beijo doce que não tem mais fim

O teu rostinho é mais formoso
O teu beijinho tem mais sabor
Os teus olhinhos mais sinceridades
O teu corpinho tem mais amor
Quando te abraço quase enlouqueço
Quando te beijo sinto a paixão
Já vi que és a moça indicada
Que deus mandou para o meu coração
E se não for este o meu amor
Até não sei o que será de mim
Foi ela mesma que de longe trouxe
Este beijo doce que não tem mais fim
Foi ela mesma que de longe trouxe
Este beijo doce que não tem mais fim

Teixeirinha - Boiadeiro do Norte

Compositor: Zulmiro
Album:Minha Homenagem
Ano:1972

Boiadeiro do Norte

O boiadeiro do norte
Quando anda na estrada
Montado em cavalo forte
Tocando a sua boiada
Quando vai escurecendo
Ele para o seu gado
Faz um fogo no sereno
E ali dorme descansado

Quando ele dorme
Em cima do baixeiro
E o seu cavalo
Ali perto pastando
Sua cabocla
Que ficou tão longe
Ele dormindo
E com ela sonhando

Na hora qua canta o galo
Vem o dia amanhecendo
Ele pega o seu cavalo
E a viagem vai rompendo
Eu nasci para sofrer
Até na hora da morte
Eu também queria ser
Um boiadeiro do norte

Quando ele dorme
Em cima do baixeiro
E o seu cavalo
Ali perto pastando
Sua cabocla
Que ficou tão longe
Ele dormindo
E com ela sonhando

Teixeirinha - Banco de Praça

Compositor: Teixeirinha
Album:Volume de Prata
Ano:1969

Banco de Praça

Amanhã não encontro mais contigo
No lugar de costume não vou mais
Naquele banco lá da praça que era nosso
Ficará pra sentar outros casais
Se por acaso meu recado for tardio
Não impede que tu chegues lá na praça
Pensarás quando a hora for passando
Que comigo aconteceu uma desgraça
Já estarei muito longe nesta hora
Amor não chora que a tristeza a mágoa passa

Vá seguido lá na praça ainda te peço
Dar pipoca pros peixinhos nossos fãs
Pense em mim quando sentares no banco
Onde nosso amor viveu todas manhãs
Longe andarei, mas quero pensar em ti
Na hora do nosso encontro antigo
Estarei beijando teu retratinho
Meu companheiro que estará sempre comigo
Meu bem não chore
Deixe eu chorarpor nós dois
Tu não consegue resistir mas eu consigo

Faça feliz o outro homem que te ama
Eu sei que é triste fazer isso sem amor
Destino ingrato nos aproximou tão tarde
Sofres ai que eu aqui morro de dor
Se esqueceres de mim voltarei um dia
Irei na praça me sentar muito sozinho
Ver ao redor tudo aquilo que olhamos
Dar pipocas para cada um peixinho
Quero sofrer mais do que sofreste um dia
Quando eu parti te negando meu carinho.

Teixeirinha - Boa Pescaria

Compositor: Teixeirinha
Album:Bate Bate Coração
Ano:1965

Boa Pescaria

"Vocês por certo devem conhecer a Capilha
é lá perto de Santa Vitória do Palmar lá no Chuí,
no Rio Grande do Sul vamos pescar pessoal"


Eu vou falar num esporte que eu gosto
Não é só este de ser cantador
Todos conhecem o seu Teixeirinha
Como artista e compositor
Mas dou um dente pela pescaria
Esporte lindo que dou mais valor
Lá no meu bairro já me apelidaram
De Teixeirinha Martim Pescador
De tantas pescas que já fiz na vida
Vou contar uma que faz poucos dias
Levei barraca todos os preparos
O Caboclinho foi de companhia
Pra fazer peixe gostoso ensopado
Ele levou a Dona Maria
Levei a Meri pra tocar sanfona/
Pra alegrar mais a nossa pescaria

"-Quer me ver contente
é me convidar para uma pescaria
como eu gosto de pescar um peixe”


Nos acampamos lá na beira d´agua
Barraca armada/fogo grande a jeito
Isquei as linhas estendi a rede
Riscando verso experimentando o peito
Vinha apontando a barra o dia/
É nessa hora que eu mais aproveito
Jogando as linhas e puxando peixe
Tomando uns tragos pra dar mais respeito
Quem me escuta deve estar ciente/
De caça e pesca sai muita mentira
Mas esta é uma pura verdade/
Quando eu conto o povo se admira
O Caboclinho é muito mentiroso
Contou os peixes na sombra da embira
Em quatro horas lá na beira d´agua/
Nós dois pegamos cinco mil traíras

"Mas como deu peixe nesse dia
até parece mentira"


E além dessas cinco mil traíras/
Dois mil jundias e quatro mil pintados
Peixe miúdo deu uns vinte mil/
Falo por baixo pois não foi contado
Dez jacaré e mil brumatãs/
Trinta piavas seiscentos dourados
O Caboclinho mediu e me disse/
Baixou um metro a água do banhado
Pra transportar o peixe a Porto Alegre/
Encomendamos dois vagões de trem
O Caboclinho e o seu Teixeirinha
São pescadores que diplomas têm
Falo na Meri e Dona Maria
São criaturas que a gente quer bem
Se confirmarem a estória pra vocês
Não acreditem elas metem também.

“O pescaria boa que eu nunca
mais hei de me esquecer”.

domingo, 16 de agosto de 2009

Gildo de Freitas, o Rei dos Trovadores!


Leovegildo José de Freitas nasceu em 19 de junho de 1919
em Porto Alegre. Já na década de 1940 começou a se apresentar
no Rio Grande do Sul como Trovador e Repentista e em 1950
no auge do radio ele era maior sucesso de programas dedicados
a trovas, como o Grande Rodeio Coringa. A partir de 1964
o sucesso veio também nos discos onde fazia frente a nomes
como Teixeirinha e José Mendes. Faleceu na madrugada de
04 de dezembro de 1982 em casa no município de Viamão.

Créditos ao Blog Gildo de Freitas:
http://gildodefreitas.blogspot.com





Abaixo as letras de todas as músicas gravadas por ele,
para navegar por elas bastam clicar sobre elas.

A Cachaça
A Grande Perda do Brasil
A Mula do Falecido Palmeira
A Vida de Rogério Santana
A Vida do Romão Vieira
Abre o Olho Amigo
Abre o Olho Rapaz
Acordeona
Agradeço a Jesus
Aguardo Sua Visita
Ajudando a Medicina
Alerta Geral
Amor Correspondido
Apaixonite Aguda
Aventura de um Gaúcho
Baile de Respeito
Baile dos Cabeludos
Baile No Chico Torto
Brasil Prá Frente
Briga de Casal
Briga no Carreiramento
Brincando com a Rima
Brincando Com as Mulheres
Caçador de Bom Gosto
Cachorro Abandonado
Campereada de Amor
Cantando Em Outro Estado
Cantando Prá Lua
Carta pra Mamãe
Casamento Infeliz
Cigana
Cinco Comparações
Cinco Mulheres
Companheira Amiga
Conformação de Filho
Confusão No Baile
Conhecendo o Brasil
Conversando com a Viola
Definição das Pilchas
Definição do Grito
Desafio Amigável
Desafio De Memôrias
Desafio de Um Paulista e de Um Gaúcho
Desafio do Padre e o Trovador
Despedida do Rio Grande
Dizem que o Poeta É louco
Do Outro Lado da Estrada
Dois Poderes
Duas Mães Perdidas
É Assim Que Eu Sou
Escola do Mundo
Espantem a Tristeza
Estrada da Vida
Eu Não Sou Convencido
Eu Reconheço Que Eu Sou um Grosso
Faca Prateada
Faça Sorrir a Criança
Falso Juramento
Feliz Caçada
Figueira Amiga
Filho Abandonado
Filho da Natureza
Filho Sem Coração
Fiz Uma Moça Chorar
Frente Única
Gaúcho Bom É Assim
Gaúcho Cantador
Gaúcho Caprichoso
Gaúcho de Vergonha
Gaúcho Fracassado
Gaúcho Guapo
Gostei Lá do Paraná
Grande Brasil
Histôria de João Manoel
Histôria de Um Fazendeiro
Histôria do Manuelito
Histôria dos Passarinhos
Homem Feio e sem coragem não Possui Mulher Bonita
Homenagem a Um Amigo
Homenagem a Um Artista
Homenagem à Uruguaiana
Ignorância e Cultura
Infância Pobre
Inspiração de Poeta
Já Dormi Em Cemitério
João de Barro
Laranjeira
Lembrança do Passado
Lembranças de Gildo de Freitas
Levante os Olhos Menina
Marinheiro Apaixonado
Matando a Saudade
Me Enganei com Você
Mensagem Final
Meu Conselho
Meu Princípio
Meu Sofrimento
Meu Xote Amigo
Minha Vivenda
Morena Arrependida
Morena de Santana
Mula Preta
Mulher Aventureira
Na Casa do Chico Torto
Não Dê um Presente Errado
Não Enjeito Proposta
Não Me Faças Sofrer
Não Mexa Com quem está quieto
Não Posso Dizer Teu Nome
Não Posso Viver Sozinho
Nós Todos Somos Iguais
O Cachorro e o Tatu
Oração de São Jorge
Pedidos de Um Gaúcho
Percorrendo o Rio Grande
Pingo Branco
Pingo Tordilho
Pinheiro Sagrado
Por Ser a Vida Um Espelho
Prenda Linda
Promessa Pra Seca
Proteção às Mães
Prova de Amor
Prova de Repentista
Que Jeito tem a Mariana
Que Negrinha Boa
Quero Estar Perto Dela
Quero Ver Minha Mãe
Rancho de capim Barreado
Rancho Sem Vida
Rancho Vazio
Recordação do Passado
Rei da Caçada
Rei do Improviso
Resposta da Adaga de Ésse
Resposta da Milonga
Resposta do Facão 3 Listas
Resposta do Relho Trançado
Retorno do Papai
Rodeio Gildo de Freitas
São Jorge, Seja Meu Guia
Saravá Pra Ti
Saudação Aos Afilhados
Saudade de Alegrete
Saudade de Minha Terra
Saudade de Vacaria
Saudade dos Pagos
Sem Você Não Sou Feliz
Sentimento de Viúvo
Show do Gildo
Sinais do Tempo
Sistema dos Pagos
Sombra da Cestia
Sonhei Com Você
Sonhei Que Fui ao Céu
Sonho de Criança
Sonho de Grosso
Tempo de Escravisão
Todos Devemos Rezar
Trança de China
Três Amigos e uma Saudade
Três Tormentos
Triste Fato
Triste Passado
Trova do Gildo
Trovador dos Pampas
Valsa das Marias
Valsa dos Artistas
Vaneirinha Gaúcha
Venha Comigo Mariquinha
Vida Brava
Vida de Camponês
Vida de Tropeiro

sábado, 15 de agosto de 2009

Gildo de Freitas - Valsa das Marias

Compositor: Gildo de Freitas:
Álbum: O Ídolo
Ano: 1975

Valsa das Marias

Maria o teu nome merece
De nós todos consideração
A sagrada Maria das graças
A quem faço a sagrada oração,
Oh, Maria o teu nome é sagrado
É santificado pela religião
Oh, Maria o teu nome é sagrado
É santificado pela religião

Ate eu, se me sinto doente,
Meio tristonho sem ter uma alegria
Sempre rezo quando me deito
Se amanhece no outro dia
Pedindo perdão pelos erros meus
Em nome de deus e da virgem Maria.
Pedindo perdão pelos erros meus
Em nome de deus e da virgem Maria.

Oh, meus deus como existe Maria,
Que nome bonito tão abençoado
Lá no meu rancho eu tenho a Maria
Que amanhece o dia deitado a meu lado
Deus me deu para mim como esposa
E no meu rancho reina alegria
Sou feliz com ele e tenho alegria
E eu sou amigo da minha Maria

Até mesmo no próprio Rio Grande
Já escolheram a localidade
Que puseram seu amado nome
E foi crescendo uma rica cidade
É a terra do estudantil
Que para nós oferece alegria
É orgulho do nosso Brasil,
Santa Maria, Santa Maria.

Eu gosto tanto da minha Maria
E ela gosta tanto de mim
Se eu saio e demoro a voltar
Ela fica a chorar é só diz assim:

Será que eu sou tua Maria, será que eu sou tua paixão
Será que isso é verdade, que felicidade pro meu coração.

É verdade sim meu amor tu és a minha alegria
E par encurtar o assunto nos rezamos juntos uma Ave-Maria.

Gildo de Freitas - Agradeço a Jesus

Compositor:Gildo de Freitas
Álbum: Gildo de Freitas-Participação Especial dos Taytas
Ano: 1976

Agradeço a Jesus

Obrigado senhor Jesus Cristo
Pelo que o senhor fez por mim
Minha vida que era espinhosa
Transformastes em flor de jardim
A doença que tinha em meu corpo
Jesus cristo agarrou, deu um fim
Quem vivia tristonho e chorando
Hoje vive cantando assim:

Obrigado, senhor Jesus Cristo
Tudo que o senhor fez por mim.

Eu agradeço também a Jesus
Dos meus erros que fui perdoado
Tive horas de tanta tristeza
E hoje tenho Jesus do meu lado.
Reconheço que fui pecador
E que tive perdão do pecados
E voltei a cantar novamente
Da doença já fui libertado.
Só me resta dizer a Jesus
Obrigado, senhor obrigado.

Oh, cristo cantando lhe peço
Que me faça esse grande favor
Deixa eu transmitir alegria
Já que eu sou seu filho e cantor
Porem sempre de bons pensamento
Que eu jamais seja um malfeitor
Que eu receba e transmita o que é bom
Sem jamais ofender ao senhor.

Quem ouvir receba de mim
Alegria, a paz e o amor.

Declamado:
-E que todos cantem bem alto
Obrigado senhor, obrigado senhor
Todos os meus amigos
Obrigado senhor, obrigado senhor
Obrigado!

Gildo de Freitas - Briga de Casal

Compositor: Gildo de Freitas
Álbum: De Estância em Estância
Ano:1969

Briga de Casal

Tem gente que acha que a vida de artista
Ela ofereça só coisinha boa
É uma vida cheia de floreio
Tem volta alegre e outras que enjoa.
Por eu levar uma vida assim
Uma chinoca se agradou de mim
Estou separado da minha patroa.

Fiz esses versos, não por covardia
Por que eu resisto o que der e vier
A passo lento eu acompanho a volta
A estrada larga que o mundo tiver.
É melindroso esse nosso assunto
Mas já vivemos tantos anos juntos
E eu faço falta pra aquela mulher.

Eu reconheço que meu erro é grave
Mais um artista viajar sozinho
Você em casa é quem fica com a chave
Me faz voltar no mesmo caminho.
É melindroso esse nosso assunto
Mas já vivemos tantos anos juntos
E nós precisava de morrer juntinho.

Esta letrinha serve de conselho
Você precisa ouvir e compreender
Para a família eu sempre dei fartura
Pros filhos nunca faltou o que comer.
É melindroso esse nosso assunto
Mas já vivemos tantos anos juntos
E eu não me animo a te ver sofrer.

Eu só não quero que faça loucura
Nem bem tão pouco desejo teu mal
Para evitar teus ato de bravura
Foi que eu quebrei aquele punhal
É melindroso esse nosso assunto
Mas já vivemos tantos anos juntos
E mais tarde um dia pode ser igual.
É melindroso esse nosso assunto
Mas já vivemos tantos anos juntos
E mais tarde um dia pode ser igual.

Gildo de Freitas - Cigana

Compositor: Gildo de Freitas
Álbum: Gildo de Freitas E Sua Caravana
Ano: 1968

Cigana

Declamando:
Entre as ciganas bonitas foi uma que eu conheci
E nos dois se conhecemos e resolvemos fugir
E o chefe dos ciganos resolveu nos prosseguir
Para matar a cigana lutaram até descobrir
E eu quero explicar cantando a dor cruel que eu sofri.

Cantado:
Eu roubei ela pro meu ranchinho
E fui me escapando de tal caravana,
E ali nos vivia juntinhos,
Então convivemos diversas semanas
Eu pra o campo saia cedinho,
Mas antes de eu ir da choupana
Abraçava e dava um beijinho
Bem ligadinho aos lábios da cigana.

Lá do tope eu olhava pra traz
E ela acenava pra mim da janela
E eu punha um lenço na ponta do relho
Com o reio eu também acenava pra ela
Um dia de tarde ao voltar para o rancho
Pensando de achar a mesma alegria
Porem as tristezas que tinham no mundo
Ficou reservadas pra mim neste dia.

Naquela janela não tinha ninguém
Entrei para dentro a casa vazia
Sai pela estrada montado a cavalo
Procurando achá-la no rastro que eu via.
E numa curva de longe enxerguei
E desconfiei que fosse a coitada
Ao chegar perto foi então que eu vi
E reconheci a minha rica amada.

Eu encontrei o seu corpo caído
Seu peito ferido com três punhaladas
Fiz uma cova para a coitadinha
Bem na beiradinha da curva da estrada.
E eu todas as tardes passo por ali
Para enfeitar sua campa de flor
Na própria reza também vou pedir
Perdão por ela ao Nosso Senhor

Que Deus tenha pena, de perdão pra ela,
Porque foi aquela meu primeiro amor.

Gildo de Freitas - Brincando com as Mulheres

Compositor: Gildo de Freitas
Álbum: Figueira Amiga
Ano: 1982

Brincando com as Mulheres

Você vai pra lá, me diga pra ela
Que eu estou morando na mesma cidade
E daqui distante eu já descobri
Que ela usou-me de uma falsidade.
Uma cigana teve me explicando
Que para o homem ter felicidade
Com uma mulher que não for distinta
Se dá-lhe nela uma surra de cinta
Por que ela ajeita e agarra amizade.
-Assim com um carinho desses
Quem é que não se entrega!

Você vai pra lá, me diga pra ela
Que qualquer dia eu vou no meu ranchinho;
Se tiver homem sai pela janela
E eu deito de novo no meu velho ninho.
Eu só farei o que for necessário
Sem comentário para os meus vizinhos
Vou dar-lhe dois ou três cintaços
Depois fazê-la deitar nos meus braços
E pagar a surra com os próprios carinhos.
-Háha, tu vai ver só!

Esse remédio merece cuidado
Por isso eu vou aplicar em pessoa
Pra se bater na mulher que se gosta
Há que ter cuidado se não atordoa
Eu gosto muito daquela mulher
Vou ver se salvo aquela pessoa
Pode que a cinta e que deus ajude
Que ela tome uma nova atitude
Depois de perdida ainda se torne boa.
-Háha, ela vai pegar o caminho!

Só não me peçam copia desta letra
Por que eu não dou a copia pra ninguém
É um remédio que estou aplicando
Pra ver se salvo quem eu quero bem
Mais tarde sim, se der resultado,
Será comentado pelo mundo além
Ai mais tarde se você tiver
Qualquer problema com sua mulher
Peça a receita que eu lhe dou também.
-É só pedir que vai!

Gildo de Freitas - Caçador de Bom Gosto

Compositor: Gildo de Freitas
Álbum: Gildo de Freitas E Sua Caravana
Ano: 1968

Caçador de Bom Gosto

Meu cachorro perdigueiro caçador de profissão
Cola fina na medida bem na altura do garrão
Festeja quando me vê com a arma em prontidão
Parece até que ele diz hoje vou ter diversão.

Quando nos entramos em campo eu, arma e meu cão
Fareja no rastro certo e amarra o perdigão
Se levanta da macega eu faço voltar pro chão
E o meu cachorro pega e vem trazer na minha mão.

Caçar com cachorro destes, me da mais disposição
Cachorro bem ensinado poupa mais a munição
Da gosto por caçador quando é boa a amarração
O meu cachorro não mente pra contentar o patrão.

Eu só caço mês de junho e respeito à produção
Eu só caço trinta dias com muita satisfação
E os outros onze meses eu dou descanso a meu cão
Boa casa pra dormir, bastante alimentação.

Mês de julho e mês de agosto eu me vou por marrecão
Quando eu chego no banhado tomo minha posição
Para a asas, desce logo se vier na direção
Cada cartucho uma caça tenho por obrigação.

Até fiz promessa e com muita devoção
Pra deixar deste esporte só por morte do meu cão
Ponho a arma no museu não caço mais marrecão
E nunca mais como carne de perdiz, nem perdigão.

Gildo de Freitas - Conversando com a Viola

Compositor: Gildo de Freitas
Álbum: Mais Sucessos
Ano: 1980

Conversando com a Viola


Ontem a viola viu minha aliança
E me perguntou com todo respeito
Qual a aventura que tu vais fazer
Que estás tão alegre assim desse jeito
Viola querida eu vou me casar
Respondi pra ele muito satisfeito
E ele perguntou se caberia outro amor
Além da viola encostada em meu peito.

Tem gente que acha que a letra é mentira
Por eu conversar com o meu instrumento
O meu pensamento falou com a viola
E a viola falou com o meu pensamento.
Por que ela e a lua são duas amigas
Que acompanham a todo momento
Não era bem justo que eu não respondesse
Todas as perguntas do meu casamento.

Viola querida tu és a culpada
De eu ter conquistado esta linda donzela
Quando em serenata num triste lamento
Nos os dois juntinhos cantava pra ela.
Ali foi crescendo este nosso amor
E hoje nos leva a casar na capela
E por tua causa eu não posso deixar
De compreender os carinhos dela.

Agora que sabes que vou me casar
Devias tocar inda mais contente
Tu és de madeira e eu sou humano
Estou compreendendo a dor que tu sentes.
Eu vou construir um rancho bem grande
Para nos os três viver eternamente
Por que pra viola, mulher e luar
Sempre tem lugar nos braços da gente.

Gildo de Freitas - Desafio do Padre Rubens Pillar

Compositores: Gildo de Freitas e Rubens Pillar
Álbum: Desafio do padre e o trovador
Ano: 1966

Desafio do Padre Rubens Pillar

Locutor:
“Atenção senhoras e senhores teremos agora o desafio
do padre Rubens Pillar com o trovador dos pampas
Gildo de Freitas”

Palmas...

Rubens Pillar:
O meu logrado de padre
Sei que todo povo aceita
Estou bem acompanhado
Cantando com gildo freita
E o povo têm confiança
Que a trova será direita

Palmas...

Gildo de Freitas:
Hai que a trova será direita
Eu também fico satisfeito
De vim trovar com um padre
Fazendo os versos direito
És mensageiro de deus
Mereces todo o respeito

Palmas...

Rubens Pillar:
Merece todo o respeito
Nos somos dois mensageiros
Tu vem trazendo a mensagem
No linguajar dos campeiros
Na tradição do Rio Grande
Os corações brasileiros

Palmas...

Gildo de Freitas:
Pra os corações dos Brasileiros
E a tua voz se alevanta
Tu hoje rezaste a missa
E rogaste ao pé da santa
Viste mostrar ao povo
Que tu reza e também canta

Palmas...

Rubens Pillar:
Que eu sou padre e também canto
E admiro a natureza
Deus admira a alegria
Eu disto tenho a certeza
Se todo mundo cantasse
Não existia tristeza

Palmas...

Gildo de Freitas:
E não existia tristeza
E de fato não existia
É por isso que eu pego a gaita
E canto todos os dias
No coração do gaúcho
A tristeza não se cria

Palmas...

Rubens Pilar:
A tristeza não se cria
E de fato não convém
Me responda Gildo Freita
Sei que te conheço bem
Se és solteiro se és casado
E qual a religião que têm

Palmas...

Gildo de Freitas:
Sou casado pai de filhos
E vou contar o meu batismo
Me batizei pelo padre
Na lei do catolicismo
Mas conheço sarava
E também o espiritismo

Palmas...
Rubens Pillar:
E também espiritismo
Já me deste informação
Por ires ao sarava
Não deixas de ser cristão
Tu podes vim a ser padre
Na futura encanação

Palmas...

Gildo de Freitas:
Ai na futura encarnação
A gente vem deferente
E eu quero andar de batina
Batizando os inocentes
E tu vai vim pai de santo
Com sorte, médium e vidente

Palmas...

Padre Rubens Pillar:
Se eu vier médium e vidente
Conforme tua analisa
Eu vou seguir dando passes
Nessa gente que precisa
E tu no papel de padre
Casa, confessa e batiza

Palmas...

Gildo de Freitas:
Eu caso, confesso e batizo
E recebo a ordem do além
E tu cuida do sarava
Que aquilo eu conheço bem
Receba só guias bons
Não faça mal a ninguém

Palmas...

Rubens Pilar;
Não faça mal a ninguém
Mesmo eu tendo pra isso
Fazer o bem eu consinto
De fazer mal eu desisto
Porque devemos seguir
As leis sagradas de cristo

Palmas...

Gildo de Freitas:
Hai as leis sagradas de cristo
Que tanto sofreu na cruz
E as almas sofredoras
Que andam nas trevas sem luz
Hão de achar o caminho
Chegar ao pés de Jesus

Palmas...

Rubens Pillar:
Chegarão aos pés de Jesus
Pra ele pedir perdão
Que seria perdoado
E ganhava a salvação
E isto só se adquiri
Por meio da religião

Palmas...

Gildo de Freitas:
Hai por meio da religião
Que é tudo na nossa vida
Agora chegou a hora
De fazer a despedida
E deixar o nosso abraço
A esta gente querida

Palmas...

Rubens Pillar:
A está gente querida
A este povo amigo
Me foi o maior prazer
Ter esta trova contigo
Uma trova com respeito
Com outro eu não consigo

Palmas...

Gildo de Freitas:
Ai com um outro eu não consigo
Tu me responsabiliza
Fazer trova com respeito
É coisa muito precisa
O povo aproveita mais
E as trovas se moraliza

Palmas...

Rubens Pillar:
E a trova se moraliza
E que gostaram eu garanto
Rezando na minha igreja
Todo este povo eu levanto
Me despeço de vocês
Pai, filho e espírito santo.

Palmas...

Gildo de Freitas:
Pai, filho e espírito santo.
E o amém das multidões
E eu peço um raio de luz
Para todas as religiões
Que conserve está alegria
Hoje em todos os corações

Palmas.................